Repositório RCAAP
Perfuração da Vesícula Biliar – Rolling Stones
É apresentado o caso de uma mulher de 93 anos diagnosticada com colecistite aguda perfurada. No radiograma abdominal simples, observavam-se dois cálculos vesiculares em topografia pélvica, “caídos” da vesícula para o fundo de saco de Douglas, mimetizando leiomiomas uterinos calcificados. A condição descrita é rara e, caso não seja corretamente diagnosticada, pode condicionar complicações como abcessos, aderências intestinais, infertilidade ou dispareunia. É realizada uma breve revisão da literatura.
2022-11-18T14:08:20Z
Nogueira, Miguel Figueiredo
Caracterização por RM das lesões do ovário hipointensas em T2
A avaliação de lesões anexiais indeterminadas em ecografia deve ser efectuada por Ressonância Magnética (RM). Em primeiro lugar, é fundamental a determinação da sua localização exacta, dado que os diagnósticos diferenciais e abordagem terapêutica são completamente distintos consoante o órgão de origem. Alguns sinais que podem auxiliar na determinação de origem ovárica são: presença de folículos e de parênquima ovárico normal em redor da lesão sem plano de clivagem (“embedded organ sign”); deformação do contorno do ovário pela lesão (“beak sign”); visualização de um pedículo vascular ou das veias gonádicas em continuidade com a lesão (“sinal do ligamento suspensor do ovário”); desvio dos vasos ilíacos lateralmente e dos ureteres pélvicos posterior ou póstero-lateralmente. A maioria das lesões do ovário têm componente quístico com elevado sinal em T2, sendo menos frequente a identificação de lesões hipointensas em T2. Existe uma ampla lista de diagnósticos diferenciais para lesões com hipossinal em T2, que inclui: lesões hemorrágicas (nomeadamente endometrioma), com componente de músculo liso (leiomioma), com tecido fibroso (fibroma, tecoma e cistadenofibroma) e tumores com celularidade mista (tumor de Brenner, “struma ovarii” e tumor de Krukenberg). De acordo com as recomendações da ESUR publicadas em 2017, é fundamental a sua avaliação em sequência de difusão com valor de b elevado. Quando nas sequências de b elevado estas lesões apresentam sinal baixo, tratam-se de lesões benignas, não sendo necessária investigação adicional. Por outro lado, quando demonstram sinal elevado ou intermédio é essencial a administração de contraste endovenoso, idealmente com estudo dinâmico.
2022-11-18T14:08:20Z
Lima, Mariana Talina dos Santos
Abuso Físico na Criança: a Cintigrafia Óssea no Diagnóstico de Lesões Não Acidentais
Introdução: O abuso físico em crianças é um problema complexo que deve ser identificado e resolvido o mais rapidamente possível, numa abordagem multidisciplinar. As fraturas são um indicador muito forte de abuso, apesar de, maioritariamente, não causarem risco de vida. Assim, a imagiologia é crucial, uma vez que as fracturas são frequentemente ocultas, com sinais e sintomas difíceis de interpretar, e as crianças nem sempre têm capacidade de fornecer a história. A Cintigrafia óssea na suspeita de abuso físico em crianças surge em publicações desde os anos 80. Objectivo: Rever o papel da Cintigrafia óssea no abuso infantil. Discussão: A Cintigrafia óssea está incluída nas guidelines de abordagem de crianças vítimas de abuso em alguns países. No nosso país, o seu papel e a sua utilidade estão pouco divulgados. Estudos comparativos entre a Radiografia e a Cintigrafia óssea demonstraram que a cintigrafia foi o único método capaz de identificar lesões em 4 a 20% dos casos, para além de ajudar a esclarecer lesões equívocas na radiografia. Conclusão: Na suspeita clínica de abuso infantil, o método de eleição é a Radiografia do esqueleto. Contudo, concluímos que não existe um método ideal único e que a Radiografia e a Cintigrafia óssea apresentam um papel complementar, não competitivo. Propomos, assim, a realização regular da Cintigrafia óssea, quando a Radiografia não identifica qualquer lesão óssea, quando apresenta achados equívocos ou nos casos em que a determinação exata do número e da localização das lesões possa ter impacto legal.
2022-11-18T14:08:20Z
Fernandes, Ana Faria, Teresa Oliveira, Ana Barata, Pedro Pereira, Jorge
Editorial
One year has now passed since the online submission and editing system was implemented, a further step was taken to index the main databases of medical journals. Starting with this issue, all articles published in Acta Radiológica Portuguesa will be available in English. Submission of the papers, as previously, may be done directly in English (without the Portuguese version), maintaining the possibility of submission in Portuguese. In this case, if the paper is accepted for publication, it will subsequently be translated into English by the Editorial Board of the Journal, according to the authors’ corrections. Thus, when submitting in English, the paper will be available only in that language and when submitting it in Portuguese, the two versions will be published, one in Portuguese and one in English. With this measure, we hope to maintain the national identity of the Journal and make international indexing easier. In view of the interest shown by a large number of Radiologists present at the last SPRMN Conference, the person responsible for the updating program in Mammary Imaging, Dr. José Carlos Marques, was invited for the authorship of the article of opinion in the present issue of the Journal.
ARP Case Report nº 13: What is your diagnosis?
Presentation of the Case A 73-year-old woman who has been consulting the gynaecologist regarding persistent pelvic pain since last month. No other complaints including systemic symptoms or metrorrhagia. The ultrasound study showed a large pelvic tumour mass and it was not possible to determine the organ of origin. Values of Ca-125 are normal. Pelvic MRI was requested for additional characterization of the pelvic mass and to determine the organ of origin.
The Breast Radiology in Senology
In the last decade, technological advances and scientific knowledge about breast cancer have had a huge impact on all the subspecialties that make up the breast centers. In particular, Radiology has established itself as a central element in the multidisciplinary approach to breast pathology, intervening in all stages of breast cancer, including screening, diagnosis, staging and post-treatment follow-up. This performance of Mammary Radiology was well reflected in the recent SPRMN conferences, dedicated to breast centers. Using criteria for breast cancer mammographic screening based only on sex and age, as it has been so far the case, seems scarce in the light of current knowledge. It is important to identify high-risk groups that require different screening as well as factors that may increase cancer risk and decrease screening sensitivity, such as breast density. If for the high-risk groups of breast carcinoma, which include women with a heavy family history, a proven genetic mutation, or a history of treatment in the childhood with radiotherapy due to Hodgkin's lymphoma, there is consensus about the type of screening that should be done – annual breast MRI around the age of 25 - the same does not occur in the groups with high breast density (BI-RADS ACR-c and d), who represent about 40% of women at a traceable age. There is no established consensus as to the most appropriate complementary method to be used in the referred breast density patterns, namely ultrasound, MRI or tomosynthesis. Of these alternatives, since ultrasound is a labor-intensive and time-consuming examination and MRI is difficult to perform in such a large number of women, the advantage lies in tomosynthesis, which represents a recent advance in digital mammography, allowing the breast to be "sliced" in planes which are 1 mm thick.
GPS Pélvico – Uma Abordagem Racional na Identificação da Origem de Tumores Pélvicos de Grandes Dimensões no Sexo Feminino
TA origem de tumores pélvicos de grandes dimensões no sexo feminino pode ser difícil de determinar. Os órgãos ginecológicos são mais frequentemente envolvidos, mas outros órgãos e estruturas devem ser considerados. O primeiro passo deve ser identificar a anatomia normal de cada órgão e reconhecer as pregas e os recessos peritoneais. Os padrões de desvio devem ser também conhecidos, com vista a determinar a origem intra ou extra-peritoneal dos tumores. Depois destes passos iniciais, o radiologista deve atentar em sinais específicos de órgão, particularmente úteis em tumores originados no ovário, trompas e útero. Este artigo pretende rever os principais sinais radiológicos que permitem determinar a origem dos tumores pélvicos no sexo feminino e desenvolver um algoritmo racional na sua abordagem por tomografia computorizada (TC) e ressonância magnética (RM).
2022-11-18T14:08:20Z
Lopes Dias, João Lucas, Rita Cunha, Teresa Margarida
Lesão Incomum da Base do Crânio: Hemangiopericitoma da Fossa Craniana Média
Meningioma is the most common intracranial tumor affecting the skull base and the diagnosis is usually straightforward on imaging studies. However, other lesions can appear similar on imaging studies. A 60 year-old-man presented with non-specific neurological symptoms, including memory loss and behavioral changes. CT and MR imaging disclosed an extra-axial, dural-based lesion in the middle cranial fossa. The lesion was remarkable for its hypervascular nature with strong and early contrast enhancement, large peripheral flow voids and vasogenic edema of the adjacent brain parenchyma. Although the most common dural-based lesion of the CNS is the meningioma, radiologists should be aware of other differential diagnoses, particularly when facing atypical imaging features. These comprise metastases, lymphoma and leukemia, histiocytic lesions, sarcoidosis and hemangiopericytoma. These lesions have a significant impact on patient´s management. Based on imaging findings we were able to suggest the diagnosis of hemangiopericytoma and the patient was managed accordingly.
2022-11-18T14:08:20Z
Bilreiro, Carlos Coiteiro, Domingos Mafra, Manuela Borges, Alexandra
Carcinoma de pequenas células da bexiga: um tumor raro e agressivo
Os autores apresentam um caso de carcinoma neuroendócrino de pequenas células da bexiga (SmCC) numa mulher de 60 anos de idade que se apresentou no serviço de Urgência com hematúria macroscópica e desconforto pélvico. A tomografia computadorizada revelou um tumor polipóide de base larga na parede posterior da bexiga infiltrando ambos os ureteres e condicionando hidronefrose bilateral. Após tentativa de ressecção transuretral a anatomia patológica mostrou um tumor maligno, não urotelial, e a doente foi encaminhado para o nosso centro. A ressonância magnética realizada para melhor caracterização e estadiamento local, mostrou um tumor agressivo com invasão da gordura perivesical. O SmCC é um tipo raro de tumor da bexiga com apresentação clínica e macroscópica semelhantes ao carcinoma urotelial. Radiologicamente é geralmente um tumor agressivo, com doença avançada no diagnóstico inicial. As características clínicas e radiológicas do SmCC da bexiga são revistas, incluindo uma discussão sobre a utilidade dos marcadores imunohistoquímicos.
2022-11-18T14:08:20Z
Gil, Rui Tiago Esteves, Gonçalo
Avaliação das vasculopatias não ateroscleróticas por ecografia-doppler
Apesar de serem um grupo de doenças pouco comum, as vasculopatias não ateroscleróticas envolvem doentes mais novos, quando comparados com o grupo da doença aterosclerótica. A angiografia de substração digital é o método diagnóstico de excelência da doença arterial devido à sua alta sendibilidade, mas a sua especificidade é baixa quando comparada à avaliação imagiológica da parede arterial por eco-doppler carotídeo e vertebral. O eco-doppler carotídeo e vertebral, como meio complementar de diagnóstico não invasivo, tem uma grande utilidade não só no diagnóstico, mas também na monitorização periódica que este grupo de jovens doentes necessita.
2022-11-18T14:08:20Z
Pinheio, Carolina Ferreira Morais, Teresa da Câmara, Catarina Perry Rios, Cristina Diogo, Mariana Cardoso Ferreira, Madalena Patrício
Inteligência Artificial em Radiologia: Do Processamento de Imagem ao Diagnóstico
The objective of this article is to present a view on the potential impact of Artificial Intelligence (AI) on processing medical images, in particular in relation to diagnostic. This topic is currently attracting major attention in both the medical and engineering communities, as demonstrated by the number of recent tutorials [1-3] and review articles [4-6] that address it, with large research hospitals, as well as engineering research centers contributing to the area. Furthermore, several large companies like General Electric (GE), IBM/Merge, Siemens, Philips or Agfa, as well as more specialized companies and startups are integrating AI into their medical imaging products. The evolution of GE in this respect is interesting. GE SmartSignal software was developed for industrial applications to identify impending equipment failures well before they happen. As written in the GE prospectus, with this added lead time, one can transform from reactive maintenance to a more proactive maintenance process, allowing the workforce to focus on fixing problems rather than looking for them. With this background experience from the industrial field, GE developed predictive analytics products for clinical imaging, that embodied the Predictive component of P4 medicine (predictive, personalized, preventive, participatory). Another interesting example is the Illumeo software from Philips that embeds adaptive intelligence, i. e. the capacity to improve its automatic reasoning process from its past experience, to automatically pop out related prior exams for radiology in face of a concrete situation. Actually, with its capacity to tackle massive amounts of data of different sorts (imaging data, patient exam reports, pathology reports, patient monitoring signals, data from implantable electrophysiology devices, and data from many other sources) AI is certainly able to yield a decisive contribution to all the components of P4 medicine. For instance, in the presence of a rare disease, AI methods have the capacity to review huge amounts of prior information when confronted to the patient clinical data.
2022-11-18T14:08:20Z
Marques, Jorge S. Barata, Catarina Sanches, J. Miguel Figueiredo, Patrícia Lemos, João Miranda
Caso Clínico ARP nº14: Qual o seu diagnóstico?
A 73-year-old woman who has been consulting the A 75-year-old woman presented with complaints of vague abdominal pain since 3 months. Routine laboratory investigations were unremarkable, except for slight anemia. Serum alfa fetoprotein (AFP) level, serum lactate dehydrogenase (LDH) level and serum carcinoembryonic antigen (CEA) levels were within normal limits. Liver function tests were altered, showing elevated alanine transferase level, alkaline transferase level and alkaline phosphatase level. The ultrasound was inconclusive due to bowel gas interposition. A computed tomography (CT) scan of the abdomen and a MRI were performed.
2022-11-18T14:08:20Z
Andrade, Luísa Costa Bilreiro, Carlos
Caso Clínico ARP Nº13: Torção com Enfarte de Mioma Pediculado
Mulher de 73 anos que recorre à médica ginecologista por dor pélvica persistente desde o último mês. Sem outras queixas nomeadamente sintomas sistémicos ou metrorragias. O estudo ecográfico realizado mostra volumosa massa tumoral pélvica não sendo possível determinar o órgão de origem. Os valores de Ca-125 são normais. Foi pedida RM pélvica para caracterização adicional da massa pélvica e determinar órgão de origem. A RM magnética revelou lesão tumoral sólida, bem delimitada, localizada na linha média independente dos ovários e da bexiga mas que contacta com o fundus uterino por um pequeno pedículo. A massa revela sangue no seu interior e aquando do contraste não exibe qualquer captação de contraste. O diagnóstico avançado e confirmado na cirurgia foi de mioma fundico pediculado complicado com torção e enfarte.
Fibromatose Agressiva do tipo Desmoide - Revisão Pictórica
Fibromatoses agressivas do tipo desmoide consistem em tumores mesenquimatosos raros que se caraterizam histologicamente por proliferação de fibroblastos e miofibroblastos. Apresentam comportamento intermédio, com tendência a comportamento infiltrativo e recidivante, sem capacidade metastização. Podem localizar-se na parede abdominal, ou em topografia intra ou extra-abdominal. A RM oferece vantagens na avaliação e estadiamento das lesões, evidenciando massas heterogéneas bem ou mal definidas, com sinal intermédio nas sequências ponderadas em T1 e T2, centradas ao plano inter-muscular, com bandas de hipocaptação interna (bandas de colagéneo), e que geralmente exibem halo de gordura (“split fat” sign), e extensão aos planos fasciais (“fascial tail” sign). Lesões com maior intensidade de sinal T2 apresentam maior probabilidade de recorrência. Na ausência de excisão cirúrgica, total ou parcial, a diminuição da intensidade do sinal T2, redução dimensional e a ausência de captação de contraste são características que sustentam eficácia terapêutica.
2022-11-18T14:08:20Z
Almeida Costa, Nuno Santos, João Garrido Fonseca, Diogo Ribeiro, Maria Filipa Malheiro, Maria Leonor
Hemangioendotelioma da Parótida: um Diagnóstico Imagiológico Incomum
Tumores não inflamatórios das glândulas salivares são extremamente raros em crianças. O hemangioendotelioma da glândula parótida é, no entanto, o tumor mais comum das glândulas salivares na infância, representando cerca de 50% dos casos. O exame físico é geralmente diagnóstico nos casos típicos e os exames de imagem podem auxiliar no diagnóstico nos casos mais difíceis. Apresentamos o caso de uma criança de 1 mês e 18 dias de idade com tumefação submandibular direita indolor, de início súbito. A ecografia demonstrou uma área hipoecogénica com aumento da vascularização que poderia representar um processo inflamatório /infeccioso ou uma malformação vascular. A Ressonância Magnética realizada posteriormente demonstrou uma formação lobulada que substituía praticamente toda a glândula parótida e confirmou a suspeita de hemangioendotelioma. A criança iniciou o tratamento com propanolol e a tumefação diminuiu consideravelmente. Este caso ilustra uma apresentação atípica de um hemangioendotelioma parotídeo, uma vez que não existe envolvimento da pele suprajacente à lesão, dificultando desta forma o diagnóstico. Conhecer as características imagiológicas do hemangioendotelioma da parótida é por isso essencial para se chegar ao diagnóstico imagiológico e evitar biópsias desnecessárias.
2022-11-18T14:08:20Z
Rio, Gisela Costa, Nuno Almeida Fernandes, João Soares Torrão, Helena Silva, Pedro Oliveira
Editorial
Este editorial será o ultimo que escrevo na qualidade de Presidente da SPRMN. Volvidos quatro anos é tempo de fazer um balanço do que foi a vida da nossa estimada Sociedade Científica, extrapolando e antevendo porventura o futuro. Findo este 2º mandato, a primeira constatação que faço é que o tempo de vigência da Direcção da SPRMN deveria ser mais longo nunca inferior a um espaço de 3 anos. Há muitas coisas para concretizar, muitas acções que se prolongam par além dos 2 anos vigentes e que necessitariam da manutenção em funções da Direcção que possui todos os dados para as levar a bom porto. Feita esta afirmação é com enorme orgulho, satisfação e sentido do dever cumprido que iremos completar o nosso mandato no próximo dia 15 de Março de 2019. Gostaria de vos convidar para marcar presença pois a vitalidade da SPRMN não é mais do que aquela que todos os sócios lhe concederem. Em jeito de balanço final, julgo que foram levados a cabo alguns dos mais bem sucedidos eventos da sociedade a começar pelo nosso Congresso Nacional. Estamos e devemos estar orgulhosos da criação da Escola da SPRMN, inciativa que visou dois objectivos: educar e transmitir ciência e aproximar os sócios da nossa sociedade. Foi sem sombra de dúvida uma aposta ganha.
Fluoroscopia na remoção de implantes profundos de etonogestrel
A fluoroscopia é uma técnica de imagem que permite obter imagens em tempo real com recurso a raio-X. Apesar de descrita na literatura a utilização da fluoroscopia em diversas áreas da medicina, na Ginecologia esta técnica permanece pouco difundida. Neste sentido, os dois casos clínicos descritos demonstram o sucesso na extração de implantes radiopacos de etonogestrel profundos através do uso da fluoroscopia, revelando-se uma técnica promissora alternativa ou complementar às técnicas convencionais utilizadas, o raio-X e a ecografia. A fluoroscopia tem um perfil de segurança elevado com uma fácil curva de aprendizagem, pelo que o seu domínio pela ginecologia e obstetrícia poderá contribuir para a resolução de casos mais complexos de extração de implantes subcutâneos.
2022-11-18T14:08:20Z
Coelho, Alexandra Ruivo Isidro Amaral, Patrícia Silveira Reis, Inês Machado, Ana Isabel Machado, Ana Isabel
O Cancro da Mama em Idade Avançada
Introdução: O cancro da mama representa uma das principais causas de morte a nível mundial, porém, apesar da tendência de aumento da incidência desta patologia com o avançar da idade, persiste uma lacuna na adequada caracterização desta doença nas mulheres com idades mais avançadas. Objetivo: Caracterização clínica, imagiológica e histológica da patologia tumoral mamária em mulheres de idade igual ou superior a 80 anos e comparação com uma população representativa de idades inferiores. Métodos: Estudo unicêntrico retrospetivo de dados clinico-epidemiológicos, imagiológicos e histopatológicos de mulheres com idade igual ou superior a 80 anos, submetidas a estadiamento por ressonância magnética mamária e comparação com uma população representativa de mulheres com idades inferiores a 80 anos. Resultados: As doentes mais idosas apresentam-se com doença em estádios mais avançados, existindo uma diferença estatisticamente significativa em relação ao estadiamento clínico entre os dois grupos (P-Value = 0.004). As mulheres com idades inferiores a 80 anos têm maior prevalência de carcinoma ductal in situ (P-Value = 0.02), com maior extensão de doença nestes casos (P-Value = 0.025). Os casos de CDIS em mulheres com idade avançada estão mais frequemente associados com positividade para os recetores de estrogénio (P-Value = 0.03). Existe uma concordância moderada entre o estadiamento por ressonância magnética e o estádio patológico tanto no grupo das mulheres com idade superior ou igual a 80 anos (Kappa=0.50) como no grupo das mulheres em faixa etárias inferiores (Kappa=0.55). Conclusão: O cancro da mama nas mulheres com idade avançada apresenta características diferentes da patologia tumoral mamária em doentes de faixas etárias inferiores.
2022-11-18T14:08:20Z
Abrantes, João Carneiro, Carolina Rodrigues, Bernardete Lameiras, Raquel Marques, José Carlos
Albano Ramos, Radiologista e Professor Universitário de Excelência
RESUMO Introdução: Albano Ramos foi um dos pioneiros da Radiologia em Portugal. Dedicou-se de forma irrepreensível à prática clínica e à formação universitária. Esta dissertação tem como objetivo enaltecer o Médico e Professor Universitário de enorme relevo na história da Radiologia portuguesa e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). Material e Métodos: A pesquisa bibliográfica foi fundamentada tanto no acervo documental da Biblioteca da FMUP e do Museu de História da Medicina “Maximiano Lemos” da FMUP, em conteúdos disponíveis online, como em entrevistas realizadas a uma das suas filhas. Resultados: Iniciou o seu percurso clínico no Hospital Geral de Santo António (HGSA) e nas enfermarias da Patologia Médica da FMUP. Conciliou de forma brilhante a vertente académica com a clínica, tendo sido o primeiro diretor do serviço de Radiologia do Hospital Escolar de São João (HESJ), e percorrido todos os graus académicos até Professor Catedrático. Discussão: Promoveu a formação de médicos e de técnicos na especialidade, organizou e pertenceu aos corpos de gestão de inúmeros congressos e não descorou a formação cultural que preencheu com a pintura e a leitura. Conclusão: Aprendeu com o Professor Roberto de Carvalho a arte da Radiologia e modernizou-a ao acompanhar os avanços da especialidade no estrangeiro. Exemplo de um gosto incomensurável pelo conhecimento, o Professor Albano Ramos é lembrado como uma personalidade médica dotada de extraordinárias capacidades de gestão e inovação aliadas a uma dedicação total, atributos que personificam em pleno os indivíduos dedicados à ciência e à Escola Médica onde professou. Palavras-chave: Radiologia. História da Medicina. Biografia Médica.
2022-11-18T14:08:20Z
Dias Teixeira, Sara Isabel Ferraz, Amélia Ricon
Editorial
A Radiologia Portuguesa vive tempos interessantes. A concentração da propriedade dos prestadores privados numa mão cheia de grupos criou dinâmicas comerciais e de gestão difíceis de prever e antecipar. Felizmente os Radiologistas já perceberam que apesar de sozinhos não terem praticamente nenhuma força ou poder negocial, se unirem esforços e vontades ainda são capazes de ser ouvidos e de influenciar o rumo dos acontecimentos. É no entanto importante referir que não nos devemos deixar iludir ou esmorecer após uma ou outra vitória inicial. Devemos permanecer mobilizados e focados na defesa da nossa Especialidade, não apenas de um ponto de vista monetário mas também de competências e âmbito profissional. A “Imagem” é uma área apetecível para muitas outras Especialidades e classes profissionais mas devemos manter a nossa ambição e convicção de sermos os profissionais melhor qualificados para fornecer uma resposta completa e integral nesta área. Em primeiro lugar devido à nossa formação médica e clínica e por outro lado por dominarmos as diferentes técnicas de imagem e podermos decidir, para cada dúvida ou questão clínica, qual o método mais apropriado para a esclarecer.