RCAAP Repository
Avaliação das declarações de nascido vivo como fonte de informação sobre defeitos congênitos
Introdução: O Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) é um instrumento importante para o monitoramento de defeitos congênitos (DC) ao nascer, porém há falhas de preenchimento dessa informação e possivelmente são registrados nas Declarações de Nascido Vivo (DN) os DC mais aparentes, o que pode subestimar a prevalência dos mesmos. A linkage de bancos de dados do SINASC e do SIM (Sistema de Informação de Mortalidade) permite recuperar as informações sobre DC registrados no SIM complementando os dados e fornecendo uma estimativa mais real da prevalência dos DC. Objetivo: Estimar a prevalência de DC em uma coorte de nascidos vivos (NV) vinculando-se os bancos de dados do SIM e do SINASC. Método: Estudo descritivo para avaliar as DN como fonte de informação sobre DC. A população de estudo são os NV hospitalares do 1º semestre de 2006 de mães residentes e ocorridos no Município de São Paulo no período de 01/01/2006 a 30/06/2006 e óbitos neonatais provenientes da coorte. As diferenças entre portadores e não portadores de DC foram testadas através do risco relativo, valor de p e IC 95%. Resultados: Os defeitos congênitos mais prevalentes segundo o SINASC foram: malformações congênitas e deformidades do aparelho osteomuscular (44,7%), malformação congênita do sistema nervoso (10,0%) e anomalias cromossômicas não classificadas em outra parte (8,6%). Através da linkage, houve uma recuperação de 48 casos (80,0%) de DC do aparelho circulatório, 11 casos (73,3%) de DC do aparelho respiratório e 5 casos (62,5%) de outros DC do aparelho digestivo. O SINASC fez 55,2% das notificações de DC e o SIM notificou 44,8%, mostrando-se importante para a recuperação dos dados de DC presentes na Declaração de Óbito (DO). A taxa de prevalência para os DC da coorte segundo o SINASC foi de 75,4/10.000 NV; com os dados corrigidos pelo SIM, essa taxa passou para 86,2/10.000 NV. As variáveis idade da mãe, idade gestacional, tipo de parto, Apgar, sexo e peso ao nascer mostraram-se associadas à presença de DC (p<0,001). Não foi encontrada associação entre anos de estudo, estado marital, paridade, filhos mortos anteriores, pré-natal, tipo de gravidez, raça/cor e a presença de DC. Conclusão: A complementação dos dados pelo SIM fornece um perfil diferente da prevalência de DC do que aquele que seria registrado apenas pelo SINASC, mostrando a importância do uso conjunto das duas fontes de dados.
Análise da estrutura populacional de mosquitos Culex quinquefasciatus e Culex nigripalpus (Diptera: Culicidae) utilizando marcadores de microssatélites e análise de morfometria geométrica alar
Introdução: Parques inseridos na malha urbana de grandes metrópoles possuem potencial para manter o ciclo biológico de diversas espécies vetoras de patógenos, como as espécies Culex quinquefasciatus e Culex nigripalpus. Consideradas antropofílicas, essas espécies têm importância epidemiológica e são abundantemente encontradas na cidade de São Paulo. Porém, pouco se sabe sobre as características genéticas dessas espécies em escala microgeográfica. Visando o melhor entendimento sobre a estrutura populacional dessas espécies, foi analisado os padrões da forma alar e a caracterização genética por marcadores de microssatélites, afim de se obter informações que contribuam para o entendimento da situação populacional desses vetores dentro do município. Objetivos: (1) Analisar a variabilidade da forma alar nas populações de Cx. quinquefasciatus e Cx. nigripalpus; (2) Analisar a variabilidade genética e o fluxo gênico nas mesmas populações; (3) Testar a funcionabilidade de primers desenvolvidos para regiões de microssatélites nas populações de Cx. nigripalpus. Material e Métodos: No total, foram estudadas cinco populações de Cx. quinquefasciatus e sete populações de Cx. nigripalpus, coletados em parques urbanos da cidade de São Paulo. Análises discriminantes, como variável canônica, teste de reclassificação cruzada e dendrograma de Neighbor-joining, utilizando os software Morpho J e Past, foram realizadas para a compreensão do formato e tamanho da asa direita nas populações. Em relação ao estudo da estruturação genética, foram testados 12 pares de primers de microssatélites em mosquitos Cx. quinquefasciatus e 33 pares de primers em mosquitos Cx. nigripalpus. Resultados: Análise da morfometria geométrica alar nas populações de Cx. quinquefasciatus demonstrou homogeneidade nos formatos alares, sendo um caracter preservado nessa espécie pela cidade, contudo, há tênues diferenças na população coletada em ambiente mais silvestre. O mesmo foi observado para as populações de Cx. nigripalpus, onde foi possível visualizar uma subestruturação na forma alar dentro da população Shangrilá. Dos primers testados, 12 amplificaram de forma consistente em todas as populações de Cx. quinquefasciatus e seis primers nas populações de Cx. nigripalpus. Os resultados encontrados sugerem que ambas as espécies possuem baixa estruturação genética, com fluxo gênico moderado entre as populações de Cx. quinquefasciatus e baixo entre as de Cx. nigripalpus, apresentando alto índice de heterozigosidade, onde as únicas populações que estão em expansão são as que foram coletadas em ambientes onde a urbanização está avançando. Discussão: Processos de urbanização, somados às mudanças causadas no ambiente, beneficiam e tendem a elevar a abundância dessas espécies em ambientes antropizados. A baixa estruturação genética e morfométrica das asas dessas espécies indicam a adaptação delas na cidade, havendo segregação devido à heterogeneidade do ambiente em que as populações se encontram. Conclusão: Evidências de baixa estruturação entre as populações e indícios de expansão em populações de ambientes mais silvestres indicam que essas espécies estão atreladas ao processo de urbanização da cidade de São Paulo
2017
Gabriela Cristina de Carvalho
Revisão taxonômica e análise filogenética morfológica do subgênero Psathyromyia Barretto,1962 (Diptera: Psychodidae: Phlebotominae)
Psathyromyia shannoni por um longo tempo foi considerada a espécie de flebotomíneo com a mais ampla distribuição nas Américas, desde os Estados Unidos até a Argentina. Contribuíram para isto a inclusão em sua sinonímia de quatro espécies: Phlebotomus limai, Ph. bigeniculatus, Ph. microcephalus e Ph. pifanoi. Em uma primeira fase deste estudo um grupo de espécies muito próximas à Pa. shannoni foi identificado e denominado de Complexo Shannoni e foi visto que Pa. limai e Pa. bigeniculata eram espécies válidas, Ph. pestanai era sinônimo-júnior de Pa. limai e havia ainda a necessidade de descrever Pa. ribeirensis. No entanto, questões sobre a validade dos demais sinônimos foram levantadas e ao conduzir o estudo, surgiram outras questões, como a delimitação do subgênero, composição da série Lanei e série Shannoni e a afinidade entre as suas espécies, que precisavam ser esclarecidas. Objetivos. Revisar a taxonomia das espécies do subgênero Psathyromyia e realizar uma análise filogenética. Material e métodos. Exemplares de todas as espécies do subgênero Psathyromyia depositados em coleções entomológicas foram examinados para obtenção de dados morfológicos e morfométricos para uma revisão taxonômica e análise filogenética. Dados foram levantados da literatura e dos espécimes depositados nas coleções para a construção de mapas sobre a distribuição geográfica das espécies objeto de estudo. Resultados e Conclusões. Com a revisão taxonômica Pa. baratai foi descrita e sua distribuição geográfica foi apresentada. Phlebotomus microcephalus foi excluída da sinonímia de Pa. shannoni e inserida como sinônimo-júnior de Pa. bigeniculata. Psathyromyia pifanoi também foi retirada da sinonímia de Pa. shannoni, teve sua fêmea descrita e Lu. cuzquena foi incluída como seu sinônimo-júnior. A distribuição geográfica de Pa. shannoni foi redefinida com a retirada das quatro espécies de sua sinonímia, o Complexo Shannoni foi ampliado para 11 espécies, Pa. pifanoi foi retirada deste e considerada isolada no gênero Psathyromyia. A série Lanei (3 spp.) e a série Shannoni foram mantidas em Psathyromyia s. str., no entanto, a série Shannoni passou a ser constituída somente das espécies do complexo (11 spp.), e as demais foram inseridas em outras duas séries propostas: Campbelli (2 spp.) e Volcanensis (4 spp.). Lutzomyia cultellata, Lu. tanyopsis, Lu. ignacioi e Lu. ponsi foram excluídas do gênero e subgênero Psathyromyia e transferidas para o gênero Lutzomyia permanecendo isoladas. Por fim, a análise filogenética demonstrou nas quatro árvores obtidas e uma de consenso estrito que as espécies das séries: Lanei, Campbelli e Shannoni são monofiléticas e a série Volcanensis parafilética. A série Lanei e Campbelli ficaram externas ao clado Psathyromyia s. str. Psathyromyia maya foi posicionada como a espécie mais basal do clado que se refere à subtribo Psychodopygina. Lutzomyia ignacioi, Lu. ponsi e Lu. tanyopsis foram posicionados na subtribo Lutzomyiina e gênero Lutzomyia, bem como Lu. cultellata, agrupada no subgênero Tricholateralis
Paridade e desenvolvimento ovariano de Ochlerotatus scapularis (Diptera Culicidae) em condições de laboratório e de campo na região do Vale do Ribeira, São Paulo, Brasil
Objetivo. Identificar o estado de paridade em fêmeas de Ochlerotatus scapularis em condições de laboratório e campo. Das fêmeas coletadas em campo, determinar o grau de paridade considerando sua importância epidemiológica como possível transmissor de patógenos. Métodos. O trabalho foi dividido em duas partes: no campo foram realizadas coletas quinzenais no Vale do Ribeira de abril de 2003 a março de 2004, utilizando-se a técnica da aspiração manual. No laboratório, 100 fêmeas (FI) de Ochlerotatus scapularis foram criadas e observadas individualmente anotando-se o número de repastos por elas realizados, duração do ciclo gonotrófico e número de ovos colocados. A observação do estado de paridade e desenvolvimento ovariano foi feita através da dissecção dos ovários de 90 fêmeas, por coleta, e de todas as fêmeas criadas. Resultados. Das 100 fêmeas mantidas em laboratório e dissecadas, o diagnóstico de condição de paridade conferiu com os resultados constatados em 55% dos casos, sendo subestimados em 37% e superestimados em 2%. Ainda em laboratório, de 106 ciclos gonotróficos completados, cerca de 55% das fêmeas necessitaram de mais de um repasto sangüíneo antes de ovipor, indicando uma possível discordância gonotrófica para a espécie. Sob condições laboratoriais observou-se uma sobrevivência de até 26 dias para a espécie. Foram dissecadas 1180 fêmeas de Oco scapularis do campo: 418 (35,4%) foram consideradas nulíparas, 655 (55,5%) uníparas, 46 (3,9%) como bíparas e 61 (5,2%) não puderam ser avaliadas. Foi observado que 90 fêmeas apresentavam-se na fase ill-V de Christopher e Mer, reforçando a hipótese de discordância gonotrófica. A variável estado de paridade variou ao longo do ano. Conclusões: Observando fêmeas de Oco scapularis no campo e laboratório, confirmamos a hipótese de discordância gonotrófica.
Competição intra e interespecífica de larvas de Aedes aegypti e Aedes albopictus (Diptera: culicidae) em condições laboratoriais
Objetivo. Avaliar os efeitos da competição larval intra e interespecífica de Aedes aegypti e Aedes albopictus da região do Vale do Paraíba, São Paulo, sobre a sobrevivência, tempo de desenvolvimento de larvas e comprimento de asa de fêmeas. Método. O experimento foi realizado em três densidades (0,36; 1,2 e 4,0 larvas/ml de água) com 5 proporções das espécies (100%: 0; 70%: 30%; 50%: 50%; 30%: 70% e 0: 100%). Foram utilizadas larvas de 1° estádio de ovos de geração F1 alimentadas com ração para peixe. Uma asa de cada fêmea foi medida na extensão do chanfro alular até a margem distal. Resultados. A sobrevivência de Ae. aegypti apresentou-se superior a de Ae. albopictus em densidade intermediária e inferior em densidade alta. No que se refere ao tempo de desenvolvimento, foi afetado apenas em Ae. albopictus de densidade alta apresentando-se estendido nas culturas mistas. Quanto ao comprimento médio de asas, verificou-se semelhanças das culturas puras com as mistas nas três densidades separadamente e nas duas espécies. Entretanto, diferenças encontradas nas comparações das combinações das espécies demonstraram que o comprimento médio de asas de Ae. aegypti, no geral, foi maior que Ae. albopictus mesmo em densidade alta, neste último caso sem significância. Conclusões. Nas duas espécies, o comprimento médio de asa e a sobrevivência de larvas foram mais afetados pela competição que o tempo de desenvolvimento. Ae. aegypti parece apresentar maior capacidade competitiva em relação a Ae. albopictus em densidade intermediária, mas em densidade alta a sobrevivência desta espécie foi superior a de Ae. aegypti.
2005
Ligia Leandro Nunes Serpa
Estudos taxonômicos de espécies do gênero Culex (Diptera: Culicidae) da região neotropical, utilizando a subunidade I do gene mitocondrial citocromo oxidase
Diversas espécies de mosquitos do gênero Culex Linnaeus são vetores de nematóides que causam filariose linfática (Wuchereria bancrofti) e de vários arbovírus, incluindo o Vírus do Nilo Ocidental (VNO) que causa encefelites em animais e humanos. Embora seja o maior gênero da família Culicidae, com 763 espécies conhecidas, pouco se sabe sobre a taxonomia e as relações filogenéticas do grupo. Considerando-se a grande diversidade de espécies do gênero Culex, as dificuldades para a identificação morfológica, devidas principalmente ao fato das fêmeas serem morfologicamente muito similares, o presente trabalho teve como objetivos: (1) Solucionar problemas relacionados à nomenclatura; (2) Estimar as relações filogenéticas entre espécies de diferentes subgêneros; (3) Examinar o monofiletismo de subgêneros da Região Neotropical; (4) Estimar as relações evolutivas entre subgêneros neotropicais; (5) Estimar a posição filogenética do gênero Lutzia em relação à Culex; (6) Discutir sobre a utilização do gene citocromo c oxidase da subunidade I (COI) para o gênero Culex. Foram analisadas sequências correspondentes a um fragmento de 478 pares de bases do gene COI de 36 indivíduos pertencentes a 16 espécies do gênero Culex. Foram avaliadas espécies de quatro subgêneros, Culex, Phenacomyia, Melanoconion e Microculex e uma espécie do gênero Lutzia. As sequências do gene COI foram comparadas através das análises de Máxima Parcimônia, Máxima Verossimilhança e Bayesiana. Os resultados das análises das sequências de COI, utilizando ao modelo de Kimura 2-parâmetros, de Culex dolosus, Culex mollis e Culex imitator, demonstram a presença de divergências intraespecíficas altas (3,1%, 2,3% e 3,5%, respectivamente). Os valores do modelo Kimura 2-parâmetros indicam que esses taxa podem representar complexos de espécies. As topologias de MV, MP e Bayesiana mostraram que tanto o gênero Culex como o subgênero Culex são parafiléticos, pois o primeiro não inclui o gênero Lutzia e o segundo exclui o Phenacomyia. Os resultados indicam que Lutzia é subgênero de Culex e Phenacomyia um grupo monofilético do subgênero Culex. O marcador molecular COI foi de fácil utilização e análise, provando ser ferramenta útil para estudos filogenéticos e para a taxonomia molecular de Culex
Consumo de leite e o diabetes mellitus insulino-dependente: um estudo caso-controle
Este estudo, com delineamento tipo caso-controle, teve como proposta testar as hipóteses de que a amamentação ao seio é um fator de proteção para o DMID e o leite de vaca, introduzido precocemente na alimentação infantil, é um fator de risco para a doença. Os casos foram identificados na Associação de Diabetes Juvenil de São Paulo e no ambulatório de Endocrinologia da Escola Paulista de Medicina. Trezentos e quarenta e seis casos, com idade inferior a 18 anos no momento da entrevista, foram comparados com 346 controles pareados aos casos segundo sexo, idade e local de residência. Foram consideradas como variáveis de principal interesse a duração do aleitamento exclusivamente ao seio, a idade da introdução de alimentos lácteos na dieta e ter recebido leite em pó na maternidade. Foram consideradas como variáveis de controle as idades da mãe e do pai no momento do nascimento da criança, o histórico da mãe de rubéola congênita, a duração da gestação, o peso e o comprimento ao nascer, a situação de vacinação, os antecedentes relativos a doenças viróticas da criança, o histórico da criança de episódios graves de diarréia, a data da insulinoterapia, os antecedentes familiares de DMID e DMNID, a renda familiar per capita e a ordem de nascimento da criança. Utilizaram-se o teste t de Student pareado para a comparação das médias das variáveis cujos valores têm distribuição normal e o teste pareado dos sinais dos postos de Wilcoxon para as demais, a técnica de tábua de vida atuarial para se conhecer, aos 7 e aos 60 dias, a proporção de crianças ainda em aleitamento exclusivamente ao seio e sem introdução de alimentos lác- teos. O modelo de regressão logística condicional foi utilizado tanto para as análises da gradação dos odds ratios como para ajustar os efeitos sobre o DMID das três variáveis de interesse a possíveis variáveis de confusão. Os resultados encontrados neste estudo indicam que são fatores de risco para o DMID a ausência de aleitamento exclusivamente, especialmente durante a primeira semana de vida (OR = 2,13, IC: 1,28 - 3,55) e a idade da introdução de alimentos lácteos, especialmente quando esses alimentos são introduzidos durante os primeiros sete dias de vida (OR = 2,29; IC: 1,37 - 3,83).
1996
Suely Godoy Agostinho Gimeno
Fatores associados à amamentação exclusiva de recém-nascidos de baixo peso ao nascer integrantes do Método Mãe-Canguru
Objetivo: Considerando que os fatores que contribuem para a interrupção da amamentação exclusiva são resultantes de condições sociais, psicológicas, culturais e individuais das mães/recém-nascidos de baixo peso (RNBP), .como também das rotinas hospitalares e da atuação da equipe de saúde, realizou-se um estudo que teve como objetivo identificar fatores socioeconômicos, maternos, neonatais e do funcionamento motor-oral associados à interrupção da amamentação exclusiva até os três meses de vida de recém-nascidos de baixo peso ao nascer, assistidos no Método Mãe-Canguru (MM-C). Métodos: O estudo de coorte retrospectiva abrangeu 111 duplas de mães e RNBP assistidos no MM-C, no Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, no período de 1998 a 2001. Os dados foram coletados de duas fontes: o prontuário dos RNBP, durante o seguimento realizado no Ambulatório de Baixo Peso e o prontuário médico hospitalar durante o período neonatal. Para a identificação dos fatores associados à interrupção da amamentação exclusiva até o 3° mês, utilizaram-se modelos de regressão logística múltipla hierarquizada. Resultados: Os fatores que se associaram com a interrupção da amamentação exclusiva dos RNBP, na fase hospitalar, foram: realizar o Método Canguru integral após 15 dias de vida [OR= 12; (IC95%: 1,62 - 89, 79)] e ter diagnóstico de pega inadequada no início da amamentação [OR= 12; (IC95%: 1,07 - 143,59)]. Na fase ambulatorial identificou-se: a queixa da mãe na amamentação [OR= 11; (IC95%: 1,80 - 64,75)) e o uso da chupeta no segundo mês de vida [OR=14; (IC95%: 1,37 - 147,19)). Conclusão: O uso do MM-C integral mais precoce no hospital favorece a proximidade entre a família e o seu RNBP e prematuro, que, mais confiantes e sujeitos atuantes do processo, praticam por mais tempo a amamentação exclusiva. É importante uma avaliação detalhada da mamada para identificação e correção precoce dos problemas de pega dos RNBP, a fim de minimizar possíveis dificuldades na amamentação. No período do seguimento ambulatorial o acolhimento e escuta das mães é imprescindível, como também maior atenção aos RNBP que usam chupeta.
2005
Maria Teresa Cera Sanches
HIV/aids: gênero e fatores prognósticos para a sua incidência e mortalidade em um centro de referência da cidade de São Paulo
A infecção por HIV/aids pode ser considerada uma das mais devastadoras epidemias já vistas pela humanidade. Desde seu início, tem apresentado perfis epidemiológicos heterogêneos nas diversas regiões do mundo e em subgrupos populacionais específicos. Apesar de se observar significativa melhora no prognóstico da infecção, resultante dos avanços terapêuticos recentes, o impacto das intervenções em termos de incidência e de mortalidade parece ter sido menos evidente entre as mulheres. Com o propósito de comparar o perfil clínico evolutivo e a sobrevida de mulheres e homens vivendo com HIV/aids acompanhados em serviço de referência de São Paulo, foi estudada amostra aleatória de pacientes atendidos na Casa da Aids, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, no período de janeiro de 1998 a dezembro de 2002. Definiram-se dois eventos de interesse (desenvolvimento de aids e óbito por aids), tomando como variáveis dependentes o tempo de sobrevivência livre de aids e o tempo para a ocorrência do óbito por aids. Para avaliação do primeiro desfecho foram considerados apenas os indivíduos que não apresentavam diagnóstico de aids à admissão ao serviço. A data inicial de cada indivíduo na coorte foi a da realização do teste sorológico confirmatório de infecção por HIV, tendo sido os pacientes avaliados em seu seguimento no serviço até 30/03/2003. As características sócio-demográficas e clínicas dos pacientes, bem como os resultados de exames laboratoriais foram obtidos dos prontuários médicos. Os dados de mortalidade foram oriundos de bancos de informações de óbitos. Na análise dos resultados, foram comparadas proporções por meio da estatística Qui-quadrado, enquanto o teste t de Student e o teste não-paramétrico de Mann-Whitney foram utilizados na avaliação de médias e medianas, respectivamente. Compararam-se as taxas de incidência e de mortalidade pela distribuição binomial. As probabilidades acumuladas de sobrevida foram calculadas utilizando o estimador produto limite de Kaplan-Meier e o modelo de riscos proporcionais de Cox na estimativa das razões de risco. A coorte analisada no estudo de mortalidade por aids compreendeu 1072 pacientes (71% homens e 47% com diagnóstico de infecção por HIV+ anterior a 1997). À admissão ao serviço, 55% dos homens e 38% das mulheres apresentavam aids. Dentre os 534 indivíduos admitidos no serviço sem aids, foram identificados 156 casos incidentes da doença, em 2.455 pessoas-ano de seguimento, dos quais 52 (33%) receberam o diagnóstico de aids, por terem desenvolvido afecções oportunistas definidoras. Verificou-se, após ajuste para a variável sexo, que a progressão para a aids foi associada, de forma independente, com a determinação mais elevada da carga virai de HIV superior a 100.000 cópias/ml durante o seguimento na Casa da Aids (p<0,001) e com o tipo de tratamento anti-retroviral recebido (p<0,001). Ocorreram 91 óbitos relacionados à aids em seguimento total de 6.004 pessoas-ano. Mostraram-se preditores de óbito por aids, após ajuste pelo tipo de tratamento anti-retroviral recebido: o sexo feminino (p=0,02), a idade ao diagnóstico de infecção por HIV (p=0,005), a menor determinação de células CD4+ inferior a 200/mm3 (p<0,001) e a maior carga virai de HIV superando 100 mil cópias/ml (p=0,007) durante o seguimento na Casa da Aids e a ocorrência de afecção oportunista prévia à admissão (p<0,001) ou durante o seguimento no serviço (p<0,001). Este estudo observou que as mulheres, quando comparadas aos homens, parecem ter-se beneficiado em menor intensidade do cuidado recebido em um serviço universitário de referência do Município de São Paulo. O reconhecimento dos fatores associados a maior vulnerabilidade no cuidado por parte da população feminina pode contribuir para o planejamento de novas iniciativas, visando aprimorar a assistência prestada, em tempos de terapia anti-retroviral de alta potência (HAART), às pessoas vivendo com HIV/aids de um modo geral e às mulheres, em particular.
Sobrevida de mulheres e homens com 60 anos e mais no município de São Paulo - Estudo SABE: as diferenças nas semelhanças em características do curso de vida
Objetivos: Avaliar numa coorte de idosos se há diferenças entre as situações do curso de vida que contribuem para uma maior chance de sobrevida em homens e mulheres com 60 anos e mais. Métodos: 2.143 idosos entrevistados em 2000 foram acompanhados durante quase 15 anos. Utilizou-se na análise estatística o teste de associação para amostras complexas (Rao-Scott), o estimador produto limite de Kaplan-Meier, o teste de log-rank, análise univariada e multivariada do modelo de riscos proporcionais de Cox, sendo construídos, através deste último, dois modelos finais por gênero, ao nível de significância de 5 por cento . Resultados e discussão: Dos 836.204 idosos paulistanos representados pelo estudo 51,6 por cento continuavam vivos (43,0 por cento dos homens e 57,7 por cento das mulheres). Em ambos os gêneros, os/as que tinham boas condições materiais e que realizavam sem dificuldade e sem ajuda mais da metade das atividades básicas e instrumentais de vida diária (ABVD/AIVD) apresentaram maior chance de sobrevivência. O mesmo foi verificado naquelas mulheres com menos de duas limitações de determinadas doenças, nas casadas, nas que ofereciam algum tipo de ajuda e nas que realizaram ações preventivas em relação a sua condição de saúde. Entre os homens o mesmo ocorreu naqueles que se referiram ser chefe de família, nos que tinham participação comunitária, nos que residiam com algum outro morador que foi ou ia à escola, que trabalharam predominantemente como proprietário ou por conta própria e nos que relataram ter tido alguma doença em seus primeiros quinzes anos de vida. Conclusão: As chances de sobrevida são diferentes entre gêneros, e entre si, mesmo em situações aparentemente semelhantes do curso de vida vivenciados e presentes em homens e mulheres idosas.
Desigualdades na incidência e mortalidade do câncer colorretal no Município de São Paulo e Brasil
INTRODUÇÃO: O câncer colorretal é um dos cânceres mais incidentes no mundo. As maiores incidências são descritas em homens e aumentam com a idade. Porém, estudos recentes reportaram aumento da incidência entre os mais jovens. Apesar das maiores incidências serem descritas em países desenvolvidos, estes apresentam tendência de estabilidade ou declínio. Em países com tendência de aumento, a mudança no padrão alimentar é a principal hipótese para este aumento. A mortalidade apresenta tendência de queda, principalmente em países que investiram em diagnóstico precoce e tratamento oportunos. OBJETIVO: Estudar as desigualdades na incidência e mortalidade do câncer colorretal no Município de São Paulo e Brasil. MÉTODOS: Esta tese está dividida em três manuscritos. MANUSCRITO 1: Simulação e comparação de técnicas de correção de dados incompletos de idade para o cálculo de taxas de incidência. A partir de seis bases com diferentes proporções de dados incompletos para idade (5 até 50%), foram comparados dois métodos de correção. Verificou-se que bases com 5% ou mais de dados incompletos para idade apresentaram taxas de incidência subestimadas. O fator de correção retificou as subestimativas das taxas padronizadas, entretanto, esta técnica não permitiu corrigir taxas específicas por idade. A imputação múltipla foi útil na correção das taxas padronizadas e específicas em bancos com até 30% de dados incompletos. Bases com 5% ou mais de dados incompletos necessitam de aplicação de correção. A imputação múltipla mostrou-se superior ao fator de correção, pois permitiu corrigir as taxas de incidência específicas. MANUSCRITO 2: Descrição e análise das taxas de mortalidade por câncer de colorretal no Brasil, segundo sexo e Unidades da Federação e indicadores socioeconômicos. As tendências das taxas de mortalidade foram estimadas por modelo de regressão linear. No Brasil,ocorreu aumento da tendência da taxa de mortalidade em todos os estados para o sexo masculino e em 21 estados para o sexo feminino. Ao ajustar por taxa de mortalidade por causas mal definidas, Produto Interno Bruto e Coeficiente de Gini, a tendência de aumento manteve-se significativa (p<0,05) no Brasil e em sete estados em homens e em nove estados em mulheres. O aumento da taxa de mortalidade por câncer colorretal em algumas Unidades Federativas e no Brasil pode estar relacionada ao aumento da incidência, ao atraso no diagnóstico e no tratamento. MANUSCRITO 3: descrição e análise das taxas de incidência e mortalidade por câncer colorretal no município de São Paulo, segundo sexo e faixa etária. Foram calculadas as razões das taxas padronizadas de incidência e mortalidade, estimada a mudança percentual anual média (AAPC) e o efeito idade-período-coorte. As razões das taxas de incidência e mortalidade foram superiores a 1 em homens a partir dos 50 anos e para o total da população. Ao comparar com indivíduos de 30 a 39 anos, em ambos os sexos, as razões das taxas foram maiores que 1 após 40 anos. Verificou-se tendência de aumento da incidência em mulheres (AAPC 0,9%) e da mortalidade em homens (AAPC 1,0%) e em mulheres (AAPC 0,2%). O modelo idade-período-coorte apresentou melhor ajuste para a incidência, em ambos os sexos (p<0,001). A mortalidade em homens foi explicada pelo modelo idade-drift (p<0,001). No Munícipio de São Paulo, a tendência crescente da incidência pode estar relacionada à alimentação inadequada e ao aumento do diagnóstico e a da mortalidade por diagnóstico e tratamento inoportunos.
Estudo epidemiológico de Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) no município de Itambaracá, região norte do Estado do Paraná, Brasil, em áreas de influência do complexo hidrelétrico na bacia do rio Paranapanema, 2004-2006
Resumo. Foi realizado um estudo epidemiológico para avaliação dos fatores determinantes para a transmissão da LTA. O estudo foi realizado na área urbana, periurbana e rural da cidade de Itambaracá, incluindo a Vila Rural e as localidades de Porto Almeida e São Joaquim do Pontal, as duas últimas próximas à área impactada pelas hidrelétricas de Canoas I e II, no rio Paranapanema. Capturou-se de fevereiro de 2004 a junho 2006, 3.187 flebotomíneos. As espécies predominantes foram Nyssomyia neivai (34,36%), Pintomyia pessoai (32,57%), Migonemya migonei (11,61%), Nyssomyia whitmani (8,82%) e Pintomyia fischeri (2,73%) todas elas com capacidade de transmissão da doença. Para Ny neivai, houve predominância de machos e para as outras espécies vetoras, as fêmeas prevaleceram, com diferença estatística significante (p<0,001). As espécies mais abundantes, segundo o índice de abundância das espécies padronizado, foram Ny neivai, Pi. pessoai, Ny whitmani, Br. brumpti, Mg migonei e Pi fischeri. As maiores freqüências e diversidade das espécies foram encontradas na localidade de Porto Almeida (PA), seguida por São Joaquim do Pontal (SJP). Ny neivai apresentou médias sazonais mais elevadas e na distribuição mensal, picos em fevereiro, maio e outubro. A maior média horária desta espécie foi registrada das 19:00 às 20:00 h (1,2) mas mostrou-se ativa das 23:00 às 10:00 h da manhã. A prevalência de Acs da classe IgG para LTA em RIFI, na população humana foi de 6,73%, nos caninos de 1,75% e nos equídeos de 16,0 %. Em EIE/ELISA, a prevalência para os caninos foi de 16,49%. Na PCR, todos os cremes leucocitários correspondentes à soros reagentes a Acs da classe IgG (humanos), e Ac totais (eqüinos e caninos) foram negativos para Leishmania sp. No inquérito sócio econômico, verificou-se que a população entrevistada em sua maioria pertence à etnia branca e à faixa etária de 30-50 anos, recebem em torno de dois salários mínimos, possuem ocupações voltadas à agricultura e pecuária, nível de escolaridade fundamental (1º grau), habita casas de alvenaria, possuem animais domésticos com seus abrigos próximos às casas. Realizam atividades de trabalho e lazer em áreas de risco em proximidades às matas, áreas com animais silvestres e domésticos e com presença de matéria orgânica, que são fatores atrativos aos flebotomíneos. A população entrevistada, de uma forma geral, desconhece os aspectos da transmissão da LTA. Observou-se em todas as localidades amostradas a presença de flebotomíneos, com predominância de cinco espécies com capacidade vetorial de agentes da LTA, destacando-se Ny. Neivai , incluindo os peridomicílios. Houve transmissão ativa da doença, ocorrendo dois casos notificados e autóctones, em área de baixa freqüência de espécimes. A soroprevalência na população humana (6,73%) foi considerável, embora seja uma área de baixa ocorrência da doença. Nas localidades onde havia um foco mais recente da doença, em SJP, os cães e eqüinos apresentaram sorologia positiva. A alta prevalência de reagentes na sorologia observada em eqüídeos sugere que estes animais poderiam ser usados como sentinela para a detecção precoce da circulação do agente da LTA nas áreas estudadas.
2008
Mariza Fordelone Rosa Cruz
Tuberculose como causa de óbitos em adultos residentes no município de São Paulo em 1980
Foram estudados 375 óbitos ocorridos no município de São Paulo, de pessoas de 15 anos ou mais residentes nessa cidade e em cujo atestado de óbito constava a tuberculose como causa básica ou associada. Desses 375 óbitos, foram localizadas 245 famílias dos falecidos e realizadas entrevistas domiciliárias. Houve 287 pacientes que faleceram em hospitais, e em dois desses casos não foi conseguido realizar a entrevista institucional. Dessas entrevistas, pôde ser concluído que os possíveis fatores que influíram nesses óbitos foram o baixo nível sócio-econômico e o alcoolismo; não influíram nestes óbitos a migração e o tabagismo. Foi observado que estes doentes entraram tardiamente no sistema de saúde e a maioria dos que chegaram a ser internados faleceram nos primeiros dias de internação. Foi observado também, que a maioria dos casos não estava notificada, nem como caso nem como óbito, e a Secretaria da Saúde tinha conhecimento de apenas 119 casos. Analisando esses atestados, notou-se que a tuberculose foi causa básica em 88,4 por cento deles e, após a revisão dos mesmos com base nas entrevistas domiciliárias e institucionais, a tuberculose passou a ser causa básica em 92,8 por cento , havendo uma concordância de 95,6 por cento entre o atestado original e o revisto.
1984
Pericles Alves Nogueira
Tuberculose pulmonar em uma prisão: estudo de alguns aspectos epidemiológicos como subsídio para o seu controle
O presente trabalho estuda alguns aspectos epidemiológicos da tuberculose pulmonar na Casa de Detenção de São Paulo, Brasil, durante o período de 1976 a 1980. São analisados dados relativos à prevalência e incidência da infecção tuberculosa, busca de casos pelo método bacteriológico e taxa de transmissibilidade da infecção. Os resultados mostram elevadas taxas de prevalência e incidência de infecção e de casos de tuberculose naquele Estabelecimento Penal, caracterizando população exposta a um alto risco de infecção e de adoecimento por tuberculose.
Observações sobre o comportamento de mosquitos (Diptera Culicidae) em área de matas residuais no Vale do Ribeira, Estado de São Paulo, Brasil
São apresentados resultados de coletas de mosquitos culicídeos realizadas de 1978 a 1983 em área de matas residuais, representando ambiente modificado por ação antrópica, na região do Vale do Ribeira, Estado de São Paulo, Brasil. Pretendeu-se esclarecer aspectos do comportamento de populações de mosquitos (Diptera:Culicidae) na fase adulta, com ênfase na distribuição horizontal e vertical. Como técnica de coleta, foi utilizada a armadilha CDC, com e sem isca animal (galinha doméstica Gallus gallus). Para algumas espécies foram construídos gráficos de distribuição sazonal. No geral, as espécies ou grupos que se destacaram entre as mais frequentes foram: Culex(Culex)spp., Aedes(Ochlerotatus) seratus, Culex(Melanoconion)ribeirensis e Cx.(Mel.) sacchettae. É discutida a capacidade vetora dessas e de outras espécies também consideradas entre as mais frequentes.
Caracterização da capacidade pulmonar nos detentos de duas penitenciárias da cidade de Guarulhos - SP
Introdução: Os distúrbios ventilatórios decorrente do comprometimento pulmonar da tuberculose ainda é incerto. A importância da tuberculose na população carcerária é motivo de preocupação mundial. As condições precárias de confinamento favorecem tanto a evolução da infecção para doença, como a sua transmissão. Mesmo antes da prisão, muitos detentos estão expostos a fatores de alto risco para a doença, como desnutrição, higiene escassa, aglomeração de pessoas, residência com pouca ventilação. Objetivo: Estudar a função pulmonar através da espirometria em uma amostra de detentos de duas penitenciárias do município de Guarulhos. Metodologia: Estudo descritivo realizado em duas penitenciárias no município de Guarulhos no período de março de 2008 a maio de 2008. Este estudo fez parte do projeto de pesquisa: A Tuberculose no sistema prisional estudo em duas penitenciárias da cidade de Guarulhos SP, com o objetivo de avaliar diferentes métodos de busca de casos de tuberculose pulmonar, neste sentido foi realizado, aproveitando a população, uma avaliação da capacidade pulmonar através da espirometria. Após a realização do questionário e exames previsto no estudo principal, os detentos que relatavam história de tuberculose no passado ou atualmente, algum comprometimento respiratório, foram indicados para realizar o exame de espirometria. Resultados: Dos 2.436 presos foram indicados 629 indivíduos, 486 não conseguiram realizar a espirometria ,sendo que 143 foram incluídos no estudo. A população estudada constitui-se de homens com a idade media de 34 anos. Cerca de 55,2 por cento da população estudada está em regime fechado há mais de 12 meses. Dos indivíduos que relataram tuberculose no passado, 40,9 por cento apresentaram resultado espirométrico restritivo. Os que relataram doenças pulmonares 22,9 por cento apresentaram resultado espirométrico restritivo. Conclusão: Apesar de muitos detentos apresentarem resultado espirometrico normal, foi identificado que 38,9 por cento dos detentos que relataram doença pulmonar apresentam distúrbio ventilatório. A descoberta do distúrbio ventilatório apresentado pelo preso é de grande importância, pois, deste modo pode ser iniciado o tratamento de doenças respiratórias, melhora dos sintomas e da qualidade de vida desta população.
2009
Vanessa Figueiredo Fraia
Fatores associados ao baixo peso ao nascer no município de Cruzeiro do Sul, Acre
Introdução - O baixo peso ao nascer (BPN) é considerado um dos mais importantes problemas de saúde pública em todo o mundo, contribuindo, substancialmente, para a morbi-mortalidade infantil. Objetivos Estimar a proporção de baixo peso ao nascer e identificar a presença de associações entre o baixo peso ao nascer e fatores relacionados à gestação, ao parto, ao recém-nascido e a características sócio-demográficas maternas. Métodos Estudo transversal onde se analisaram 3220 declarações de nascidos vivos referentes aos partos ocorridos no município de Cruzeiro do Sul, Estado do Acre, no período de 2006 e 2007, de mães residentes nesta localidade. Na análise, utilizou-se regressão linear generalizada família Poisson ligação logarítmica com variância robusta, simples e múltipla. Adotou-se nível de significância de 0,10. Resultados - A proporção de baixo peso ao nascer foi 9,13%. Os fatores associados ao baixo peso ao nascer foram: prematuridade; nascimento no domicílio; sexo feminino; idades maternas entre 12 e 13 anos, 16 e 17 anos, 18 e 19 anos, 35 e mais anos; realização de 1 a 3 consultas de pré-natal, crianças não brancas, mães sem ocupação fora do lar e mães solteiras. Conclusão São poucos (ou nenhum) os fatores suscetíveis de mudança ou controle com ações isoladas de saúde. Estratégias de ampla abrangência são necessárias para a redução da proporção de BPN em Cruzeiro do Sul, Acre e, uma vez ocorrido baixo peso ao nascer, atenção especial deve ser proporcionada à criança.
2009
Raquel da Rocha Paiva Maia
Análise espacial dos aglomerados de nascimentos ocorridos em hospitais SUS e não SUS no município de São Paulo, 2008
Introdução: São Paulo é uma megacidade com ocupação espacial heterogênea e desigualdades em saúde. Objetivos: Verificar se há aglomerados de nascidos vivos em hospitais SUS e não SUS e estudar as distâncias entre as residências das mães até os hospitais de parto. Métodos: Foi realizado um estudo com nascidos vivos (NV) de mães residentes e ocorridos em oito hospitais (4 SUS e 4 não-SUS) de alta complexidade do município de SP, em 2008. As informações foram obtidas da base de dados das declarações de nascido vivo unificada SEADE/SES e as bases cartográficas do Centro de Estudos da Metrópole. Foi empregado estimador de intensidade de Kernel para identificar aglomerados espaciais. A distância teórica entre residências maternas até o hospital do parto foi obtida em linha reta. Resultados: Os NV estudados representaram 27,8 por cento do total do MSP. Os NV dos hospitais SUS formaram 3 aglomerados, situados em distritos periféricos. A distância média percorrida entre a residência materna e o hospital do parto foi de 9,2 km para os NV de hospitais SUS e de 9,9 km para os não-SUS. Verificou-se uma proporção maior de mães de alta escolaridade (12,8 vezes), com mais de 35 anos de idade (3,2 vezes), nascimentos com 7 ou mais consultas de pré-natal (1,5 vezes) entre os NV de hospitais não-SUS que nos hospitais SUS. Os NV de hospitais SUS apresentaram proporções de mães adolescentes (17,9 vezes), grandes multíparas (21 vezes) e partos por via vaginal (5,2 vezes) maior que nos não-SUS. Não houve diferença estatisticamente significante da prevalência de baixo peso ao nascer e NV pré-termos. Discussão: Há uma associação entre a distribuição espacial dos nascimentos ocorridos em hospitais SUS e não-SUS. Os aglomerados de NV SUS situaram-se em distritos onde há condições de vida precárias e altas taxas de fecundidade. Os NV de hospitais não-SUS formaram um aglomerado na região central de alta renda e baixa fecundidade, seguindo padrão observado em outros estudos. As distâncias médias entre as residências maternas e hospitais de parto foram próximas nos dois tipos de rede. Os diferenciais das características maternas dos NV em hospitais SUS e não-SUS foram mais acentuados que aqueles encontrados em estudos realizados somente com técnicas de georrefenciamento, possivelmente devido aos hospitais não-SUS estudados atenderem a clientela de planos de saúde de alto poder aquisitivo. A ausência de diferença estatisticamente significante entre a prevalência de nascimentos pré-termo e de baixo peso ao nascer possivelmente se deve ao estudo ter sido realizado apenas em hospitais de alta complexidade. O diferencial encontrado na realização de consultas de pré-natal mostra o efeito positivo do SUS no acesso atenção pré-natal. Conclusão: Os aglomerados de nascimentos SUS e não-SUS mostram existir marcados diferenças quanto às características sociodemográficas. O SUS mostrou ter um efeito de positivo na promoção de maior equidade no acesso à atenção pré-natal e ao parto.
2012
Patricia Carla dos Santos
Epidemiologia da dengue na cidade de Rio Branco - Acre, Brasil, no período de 2000 a 2007
Objetivo Caracterizar a ocorrência de dengue na cidade de Rio Brando, estado do Acre, no período de 2000 a 2007, no tempo, no espaço e segundo infestação pelo Aedes aegypti e vari- áveis demográficas, socioeconômicas, ambientais e climáticas. Métodos Foi realizada uma descrição da incidência de dengue (CI) e da infestação predial pelo Aedes aegypti (IIP) no período de 2000 a 2007 a partir de dados secundários. Descreveu-se a incidência da dengue em relação ao sexo, faixa etária e escolaridade. O Coeficiente de Incidência e o Índice de In- festação Predial foram testados para aferição de correlações com variáveis climáticas, demo- gráficas, ambientais e socioeconômicas. Foi aplicada a técnica de geoprocessamento com o uso da estatística espacial de Moran Global e Local (LISA) para avaliar a autocorrelação es- pacial dos coeficientes de incidência de dengue entre as localidades urbanas da cidade. Resul- tados - A epidemiologia da dengue na cidade é caracterizada por elevada incidência e intensa infestação predial pelo Aedes aegypti. Não existe diferença na incidência de dengue entre ho- mens e mulheres e a faixa etária mais acometida compreende jovens e adultos de 15 a 49 anos e escolares que não concluíram o ensino médio. A distribuição da doença mostra um padrão sazonal com elevação da incidência nos períodos chuvosos e regressão nos períodos secos. O aumento de casos de dengue e da infestação predial mostrou associação significante (p<0,05) com bairros populosos, onde existe muitos imóveis e alta infestação predial. O aumento das ocorrências se mostrou significante com áreas com baixo índice de abastecimento de água pela rede pública. O Índice de Qualidade de Vida (IQV) não apresentou correlação significa- tiva com a ocorrência de dengue, entretanto, a infestação predial foi mais elevada nos bairros com melhor IQV. A estatística de Moran Global e Local (LISA) mostrou fraca dependência espacial (p<0,05) da incidência de dengue entre bairros da cidade. Conclusão - A análise epi- demiológica da dengue na cidade permitiu visualizar fatores que estão relacionados à trans- missão de dengue e na proliferação do Aedes aegypti que podem ser avaliados na formulação de estratégias mais eficazes para alcançar o melhor controle da doença. O uso da análise espa- cial evidenciou que a distribuição da incidência de dengue entre os bairros da cidade ocorre de maneira aleatória
Validação e reprodutibilidade de dois questionários específicos para avaliar qualidade de vida de pacientes com câncer de ovário
Introdução: O câncer de ovário é considerado a primeira causa de óbito entre os tumores ginecológicos. Entretanto, com os avanços nos tratamentos as pacientes com câncer de ovário apresentam uma sobrevida maior, sendo fundamental discutir sua qualidade de vida. Objetivos: Validar e analisar a confiabilidade de dois questionários existentes na literatura, a saber: EORTC-OV28 e FACT-O e avaliar a compreensão, preferência e aceitação dos mesmos. Metodologia: O estudo foi realizado nos Ambulatórios de Ginecologia Oncológica e Oncologia Clínica do Hospital do Câncer AC Camargo São Paulo. Foram analisadas 114 mulheres com diagnóstico de câncer de ovário, em qualquer estádio da doença. Para cada questionário foi analisada a consistência interna (alpha de Cronbach), a validade de constructo convergente (coeficiente de correlação de Spearman com os domínios do questionário SF-36 e HADS), a validade de constructo discriminante (comparação das médias dos escores, segundo estadiamento inicial (I e II) x avançado (III e IV), Karnosfky (80-100 por cento x 5070 por cento ), doença atual (sem evidência de doença X com evidência de doença) e tratamento atual (em tratamento e pós tratamento)) e analisado o grau de compreensão dos mesmos. A reprodutibilidade foi verificada após duas semanas e foi analisada por meio da comparação de médias (Wilcoxon), coeficiente de correlação intra-classe e gráficos de Bland-Altman. Resultados: As escalas de sintomas dos questionários EORTC-OV28 e bem estar familiar do FACT-O, respectivamente, apresentaram valor de alpha de Cronbach 0,85 e 0,79. A maioria das escalas apresentou correlação significativa com os domínios do SF-36 e HADS e foi capaz de discriminar entre os grupos de comparação. Ambos apresentaram boa compreensão. Quanto ao tempo de preenchimento o questionário EORTC-OV 28 apresentou menor média (5,10 min.). Todos os questionários apresentaram bons índices de reprodutibilidade. Conclusões: O questionário EORTC OV 28 apresentou melhores parâmetros de validade, mas as demais análises foram muito semelhantes entre os questionários. A escolha do questionário a ser aplicado pelo pesquisador dependerá dos aspectos considerados por ele relevantes na pesquisa