RCAAP Repository
Estudo de fatores preditores de gravidade e óbito por varicela em residentes da região metropolitana da grande São Paulo (SP), 2003
Introdução: A varicela é uma doença exantemática benigna da infância, causada por uma infecção primária pelo vírus Varicela-zoster. No Estado de São Paulo, no ano de 2003, foram notificados 58.972 casos de varicela mediante ocorrências de surtos, configurando um ano hiperendêmico para a doença. De um total de 60 óbitos em todo o Estado, 47 ocorreram em menores de 4 anos. Mais da metade dos óbitos incidiu em moradores da Região Metropolitana da Grande São Paulo. Objetivos: Descrever e caracterizar os indivíduos residentes na Região Metropolitana da Grande São Paulo que evoluíram para gravidade ou óbito por varicela em 2003 e estudar os fatores preditores desses eventos. Métodos: Realizou-se um estudo descritivo das variáveis sociodemográficas, clínicas, antecedentes pessoais e epidemiológicos dos casos de varicela, além de uma análise exploratória dos fatores preditores de gravidade e óbito pela doença. A existência de associação entre as exposições de interesse e gravidade ou óbito por varicela foi investigada pelas estimativas não ajustadas e ajustadas do odds ratio, com os respectivos intervalos de confiança de 95%, utilizando-se a regressão logística não condicional. Resultados: As seguintes variáveis demonstraram associação independente com gravidade e óbito por varicela: complicações raras, pulmonares, hemorrágicas e neurológicas. Cirurgia realizada durante a internação por varicela também foi um fator preditor de gravidade. A taxa de mortalidade foi 36 vezes maior na faixa etária de menores de 15 anos em relação à faixa etária de adultos, e 5 vezes maior na faixa de menores de um ano em comparação à faixa de 1 a 14 anos. Conclusão: O amplo conhecimento da epidemiologia da varicela, suas complicações e fatores de risco para gravidade e óbito, é de extrema importância para fundamentar a implementação de estratégias de prevenção e controle deste agravo nos grupos de maior risco.
2006
Alessandra Cristina Guedes Pellini
Culicídeos associados às bromélias na Mata Atlântica do município de Cananéia, São Paulo, Brasil
Introdução: A Mata Atlântica não possui fisionomia uniforme, pois seu relevo determina diferentes condições ambientais que definem a composição de sua fauna e flora. Em uma mesma região, a diversidade de espécies pode variar de acordo com a heterogeneidade dos habitats. Objetivo: Caracterizar a fauna de Culicidae em fitotelmatas de bromélias (Bromeliaceae), no município de Cananéia, São Paulo, Brasil. Métodos: Larvas e pupas de culicídeos foram obtidas, mensalmente, do conteúdo aquático de bromélias de três ambientes: planície, encosta e morro. As coletas ocorreram entre julho de 2008 e junho de 2009. Para estimar a variedade de espécies foram utilizados os índices de Margalef e de Menhinick. O índice de Jaccard e o de Sorensen indicaram a semelhança entre bromélias de dois ambientes. Para avaliar a dominância, empregou-se o índice de Simpson e de Berger-Parker. A eqüidade na distribuição das espécies foi avaliada pelo índice de Pielou e a constância em cada ambiente pelo índice c. Os testes estatísticos empregados foram: análise de variância (ANOVA) com o teste de Fisher; teste Kruskal-Wallis e valor p; teste de associação qui-quadrado e regressão linear simples por meio do coeficiente de correlação de Pearson. Resultados: O teste Kruskal-Wallis mostrou diferenças significantes para o volume hídrico das bromélias de cada ambiente (p=0,002, IC= 95 por cento) mas não para o valor do pH (p= 0,775). Foram identificados 2024 mosquitos, 786 (38,83 por cento) na planície, 606 (29,94 por cento) na encosta e 632 (31,23 por cento) no morro, dentre eles: Culex (Microculex) (62,25 por cento), Culex ocellatus (21,20 por cento), Anopheles (Kerteszia) (15,17 por cento), Wyemoyia (Phoniomyia) (1,33 por cento) e Runchomyia (Runchomyia) (0,05 por cento). O índice de riqueza de Margalef foi maior na planície (d1=2,55) e menor no morro (d1=1,86), e o de Sorensen indicou encosta e morro como os ambientes mais similares (QS=0,79) e planície e morro como os menos similares (QS=0,65). O teste 2 não mostrou associação entre os ambientes e o tipo de bromélia (p=0,060). O coeficiente de Pearson não mostrou correlação significativa entre o número de imaturos e a temperatura (p=0,111) ou precipitação acumulada (p=0,828). Conclusões: Planície apresentou os maiores índices de diversidade. A prevalência de An. homunculus foi maior do que a encontrada em estudos anteriores. Culex ocellatus, Cx. (Mcx.) retrosus, Cx. (Mcx.) neglectus, Cx.(Mcx.) imitator e An. (Ker.) homunculus foram as espécies mais dominantes quando os três ambientes foram analisados conjuntamente
2010
Tatiani Cristina Marques
Aspectos ecológicos da fauna flebotomínea (Diptera, Psychodidae) do Parque Estadual da Cantareira (PEC) e Parque Estadual Alberto Löfgren (PEAL) região metropolitana de São Paulo, Estado de São Paulo, Brasil
Introdução. As leishmanioses são doenças infecciosas, causadas por protozoários do gênero Leishmania, transmitidos por insetos da subfamília Phlebotominae (Diptera, Psychodidae). No Estado de São Paulo a incidência da leishmaniose tegumentar americana (LTA) e da leishmaniose visceral americana (LVA) está aumentando tanto em regiões rurais como urbana e periurbanas. O Parque Estadual da Cantareira (PEC) é uma Unidade de Conservação e abrange parte da Serra da Cantareira considerada a maior floresta urbana nativa do mundo e abrange parte dos municípios de São Paulo, Caieiras, Mairiporã e Guarulhos. Objetivos. Investigar a incidência de leishmaniose nos municípios que incluem áreas do Parque Estadual da Cantareira e identificar a fauna de flebotomíneos (Diptera, Psychodidae, Phlebotominae) e seu comportamento no Parque Estadual da Cantareira (PEC) e Parque Estadual Alberto Löfgren (PEAL) e área do entorno, inferir sobre as espécies importunas ao homem e que atuam na transmissão de leishmaniose na região. Metodologia. Estimou-se a incidência das leishmanioses na população humana por meio de dados obtidos no Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo (CVE/SP) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para o estudo dos insetos as 6 capturas foram feitas com armadilhas automáticas luminosas (CDC) e de Shannon branca e preta entre janeiro a dezembro de 2009 em ambiente de mata e peridomicilio nos dois parques e também no seu entorno, município de Mairiporã, para se obter informações sobre abundância, riqueza, diversidade, equitabilidade ,similaridade, sazonalidade das espécies e infecção natural por flagelados, também foi investigado ritmo horário noturno, comparação de atratividade da armadilha Shannon branca e preta e antropofilia das espécies. Resultados. Não houve casos de LVA notificados para a região dentro do período estudado. O coeficiente de incidência médio acumulado/100.000 hab/ano (CI) para LTA no período de 2000 a 2009 para os municípios da região estudada foi Mairiporã (2,08), Caieiras (0,03), Guarulhos (0,008) e São Paulo (0,03). A fauna flebotomínea compreendeu 12 espécies: Brumptomyia cardosoi, Brumptomyia carvalheiroi, Expapillata firmatoi, Migonemyia migonei, Pintomyia bianchigalatiae, Pintomyia fischeri, Pintomyia monticola, Psathyromyia lanei, Psathyromyia pascalei, Psathyromyia pestanai, Psychodopygus ayrozai e Psychodopygus lloydi. Foram obtidos os seguintes valores para índice de abundância de espécie padronizado: Pi. fischeri (0,813), Mg. migonei (0,571), Br. cardosoi (0,396), Pa. pascalei (0,341) e Ps. ayrozai (0,308). A similaridade das espécies de mata e peridomicilio foi de 0,59. Os ecótopos de mata e peridomicílio com os maiores índices de riqueza e diversidade foram respectivamente, Trilha das Figueiras e em um canil de um morador do PEC. Nas armadilhas Shannon branca e preta capturou-se uma média de 217,46 insetos/armadilha e 33,45 insetos/hora; a razão de fêmea/macho de Pi. 7 fischeri foi (preta=15,08:1,0; branca = 11,43:1,0), Mg. migonei (preta = 0,57:1,0; branca = 1,65:1,0). Fêmeas de Pi. fischeri foram significativamente mais atraídas para Shannon preta (2 = 8,3; p < 0,005) e Mg. migonei para branca (2 = 59,8; p < 0,001). Picos horários de atividade para fêmeas de Pi. fischeri e Mg. migonei foram diferentes em relação às estações do ano: Pi. fischeri foi mais atraída pelas armadilhas Shannon preta e branca na primeira metade da noite durante o verão, outono e inverno e na primavera ocorreu o oposto. As análises de correlação de Pearson mostraram uma correlação positiva e estatisticamente significante em relação as média das temperaturas mensais de 7 e 15 dias anteriores ao dia de captura. Nenhuma das 60 fêmeas dissecadas apresentou flagelados. Conclusões. O município de Mairiporã em comparação com os municípios abrangidos pelo PEC tem um CI muito mais elevado. Para Brumptomyia carvalheiroi é o primeiro registro para a região da Serra da Cantareira. As altas freqüências de Pi. fischeri e Mg.migonei nas armadilhas de Shannon em peridomicílio do PEC permitem inferir sobre a antropofilia destas espécies, causando incômodo aos moradores e que podem estar implicadas na transmissão do agente da leishmaniose tegumentar na região
Evolução da mortalidade infantil no município de São Paulo no período de 2000 a 2007
Introdução A mortalidade infantil (MI) no Município de São Paulo (MSP) apresenta queda, principalmente a partir da década de 80, entretanto é possível que existam diferenças regionais importantes entre Subprefeituras uma vez que estas apresentam características sócio-ambientais que podem influenciar neste indicador. Objetivo Descrever e analisar a evolução da MI no período de 2000 a 2007, segundo Subprefeituras do MSP. Métodos Estudo ecológico longitudinal, com 31 unidades de análise (Subprefeituras). Utilizou-se, para a análise estatística, o modelo de regressão linear multinível, considerando-se, como variável resposta, o CMI e oito anos de observação (2000 a 2007). O modelo incluiu variáveis relacionadas aos serviços de saúde. Resultados A queda da MI não ocorre de modo homogêneo entre as Subprefeituras evidenciadas pelas diferentes inclinações das retas e interceptos observados e estimados. Após a análise pelo modelo multinível observou-se redução da MI no período de 18,8% com declínio médio de 0,300/00nv ao ano Pelo modelo, 51% da variabilidade da MI se explica por características contextuais das Subprefeituras. No período de estudo, o CMI aumenta: 0,0560/00nv para cada 1% de aumento na proporção de mães com pré-natal inadequado, 0,2140/00nv para cada 1% de aumento na proporção da população exclusivamente usuária SUS, 0,0390/00nv para cada aumento na taxa de leitos obstétricos SUS. O CMI diminui: 0,1910/00nv para cada 1% de aumento na proporção de recuperação da vitalidade do nv. Conclusão A MI apresenta tendência de queda no período de 2000 a 2007 de modo não homogêneo segundo Subprefeitura. As variáveis que apresentaram associação com a MI são: o ano de observação, proporção de nascidos vivos de mães que realizaram até 6 consultas pré-natal (pré-natal inadequado); taxa de leitos obstétricos do Sistema Único de Saúde (SUS); proporção da população exclusivamente usuária do SUS e proporção de recuperação da vitalidade do nascido vivo. Na região periférica do MSP onde se encontram as maiores proporções da população exclusivamente usuária SUS, é também onde se apresentam os maiores CMI.
2010
Maria Lucia Garcia Moita Marcondes da Silva
Sistema de informação de mortalidade nos municípios do estado de São Paulo: análise situacional
Introdução: O Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) é uma ferramenta importante para o diagnóstico da situação de saúde das populações, gerando conhecimento para fundamentar a gestão e o planejamento de intervenções na área de saúde. Com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), os municípios passaram a assumir novas atribuições, como a organização e coordenação dos sistemas de informação em saúde, bem como a utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades. Objetivo: conhecer a situação da descentralização do SIM nos municípios paulistas sobre 6 dimensões: perfil profissional, estrutura, capacitação técnica, processo de trabalho, gestão do sistema e disseminação dos dados. Métodos: Foi aplicado questionário eletrônico para 645 responsáveis técnicos municipais. Os municípios foram agrupados, por porte populacional, em: Grupo 1, 30.000; Grupo 2, de 30.001 a 200.000 e Grupo 3, >200.000 habitantes. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva, com medidas de distribuição e de tendência central. Teste de qui-quadrado e ANOVA foram utilizados para comparação de proporções e médias, respectivamente, entre os grupos. Resultados: Obteve-se resposta de 584 municípios (90,5 por cento ), sendo 91,0 por cento do Grupo 1, 88,7 por cento do Grupo 2 e 92,5 por cento do Grupo 3. Predominam para todos os Grupos: responsáveis técnicos do sexo feminino, idade média de 39,3 anos, com superior completo, enfermeiras, vínculo efetivo e com mais de 3 anos de trabalho no SIM. No Grupo 1, o SIM está alocado na Vigilância Epidemiológica, as equipes tem um profissional, contam com 1 computador com sistema operacional mais antigo, receberam treinamento do sistema, 30 por cento realizam busca ativa de óbitos, não utilizam relatório do sistema e sua maior dificuldade é realizar codificação de causa de morte, os dados são mais utilizados pela Atenção Básica, e avaliam que a descentralização trouxe muitos benefícios. No Grupo 2, está alocado também na Vigilância Epidemiológica, suas equipes tem de 2 a 3 profissionais, contam com um computador com versões do sistema operacional mais novas, receberam treinamento do sistema, realizam revisão dos campos em branco da DO e utilizam relatórios do sistema, tem dificuldade na codificação de causa de morte, os dados são utilizados pelo Comitê de Investigação de Morte Materna e Infantil para planejamento e pactuação, e apontam pouco benefício na captação de óbitos fora do município. No Grupo 3, o SIM está alocado no Setor de Informação, tem equipes com 2 a 5 profissionais, 2 computadores, sistemas operacionais novos, profissionais capacitados, usam os relatórios do sistema, as áreas que mais utilizam os dados são o Planejamento de Ações e o Secretário de Saúde, apresentam poucas dificuldades e apontam muitos benefícios na descentralização do sistema. Conclusão: O SIM está amplamente implantado nos municípios paulistas, bem consolidado no Grupo 3, no entanto persistem problemas para a operação do sistema e codificação de causa de morte nos Grupos 1 e 2. Recomenda-se maior atenção do nível regional e estadual para as questões de gestão e capacitação profissional.
"Padrão de consumo de medicamentos em duas áreas da Região Metropolitana de São Paulo, 2001 - 2002"
OBJETIVO: Analisar o padrão de consumo de medicamentos segundo características demográficas e condições de vida da população de estudo. METODOLOGIA: A pesquisa foi desenvolvida a partir dos dados do projeto Inquérito de Saúde de São Paulo, ISA-SP, estudo transversal com base populacional, que levantou as condições de vida e saúde da população de quatro áreas do Estado de São Paulo. Foi utilizado período recordatório de 3 dias para o uso de medicamentos. A caracterização demográfica da amostra foi feita por meio da idade e sexo, e a sócio-econômica pelas renda familiar e escolaridade do entrevistado e do chefe de família. RESULTADOS: O uso de medicamentos foi declarado por 33,9% e revelou-se maior entre: os grupos de maior idade, o sexo feminino, as famílias com maior escolaridade do chefe, aqueles que se declararam brancos e os que relataram maior renda familiar. Mais de um terço dos que relataram uso de medicamento declarou automedicação, que foi mais freqüente entre jovens e homens. Uma minoria declarou desconhecer o que é medicamento genérico". A média da fração da renda familiar gasta com medicamentos foi de 6,2%, e aumentou com a idade, com a menor renda e com a menor escolaridade. CONCLUSÃO: Essa pesquisa revelou diferenças significativas no consumo, na automedicação e no gasto com medicamentos de diferentes sugrupos populacionais. Os trabalhos sobre perfil de consumo de medicamentos podem contribuir para a discussão sobre a problemática de acesso da população às terapias farmacológicas e podem subsidiar políticas públicas que visem promover acesso universal e uso racional dos medicamentos.
2005
Americo Focesi Pelicioni
Influência dos fatores de situação socioeconômica, de aceitação da gravidez e da assistência pré-natal na mortalidade fetal: análise com modelagem de equações estruturais
Introdução. As hipóteses levantadas sobre as relações entre as variáveis de exposição e o óbito fetal, via diversos mecanismos, são desenhadas em um diagrama a partir de um quadro conceitual feito pelo pesquisador. Testes sobre essas relações podem ser feitos por meio da modelagem por equações estruturais (MEE). Objetivo. Este estudo objetiva compreender o papel da situação socioeconômica (SSE), da não-aceitação da gravidez (nAdG) e assistência pré-natal na mortalidade fetal, na região sul do município de São Paulo, em 2000. Métodos. Foram construídas variáveis latentes para representar a situação socioeconômica e a não-aceitação da gravidez, a partir de dados da pesquisa do tipo caso-controle sobre mortalidade fetal no município de São Paulo, feita em 2000. Foi testado um modelo para o desfecho óbito fetal com as variáveis latentes, a assistência pré-natal, intercorrências (hipertensão, diabetes gestacional, sangramento vaginal) e retardo de crescimento intra-uterino (RCIU) por meio do MEE. A SSE foi formada por escolaridades da mãe e do chefe da família, classificação socioeconômica e renda per capita; a nAdG foi formada a partir das reações da mãe, pai e família, tentativa de aborto e se a gravidez foi planejada. Resultados. O modelo final apontou a relação entre a situação socioeconômica e não-aceitação da gravidez sobre a mortalidade fetal, passando pelo cuidado de pré-natal inadequado, modelo no qual intercorrências e RCIU também tem efeito sobre o desfecho. Conclusões. Os resultados sugerem que aceitação negativa da gravidez e o efeito da situação socioeconômica desfavorável, mediados pela atenção de pré-natal, podem ser amenizadas com uma maior qualidade nas visitas de pré-natal, especialmente em mães de maior vulnerabilidade social.
2009
Gizelton Pereira Alencar
Produtividade de criadouros em área urbana de coexistência de Aedes aegypti e Aedes albopictus, São Sebastião, litoral norte do Estado de São Paulo, Brasil
Objetivos: Avaliar: produtividade, emergência de fêmeas, variáveis físicas e químicas da água dos criadouros e a relação entre os Índices Entomológicos e a Emergência de fêmeas em criadouros. Material e Métodos: Foram coletadas todas as pupas e amostras de larvas de quarto estadio de recipientes nos imóveis inspecionados. Foi mensurado: oxigênio dissolvido, pH, temperatura, condutividade elétrica, volume e salinidade da água do criadouro. Foram estimados a produtividade, Índices, Indicadores de Densidade e a emergência de fêmeas. Resultados: Aedes aegypti foi a mais freqüente (44,1%). As categorias de recipientes mais importantes em freqüência e produção foram: plástico e metal. Mais de 55% dos recipientes eram removíveis. As duas espécies foram tolerantes a amplo gradiente dos parâmetros físicos e químicos. Os índices de rotina foram pouco associados com os Indicadores e a Emergência de fêmeas. Discussão e Conclusões: Ae. aegypti apresentou predominância. As duas espécies coexistiam em criadouros e no ambiente urbano. A produtividade das duas espécies não pareceu ser afetada pela variação de valores dos parâmetros físicos e químicos. Os Indicadores de Densidade e a Emergência de Fêmeas podem ser utilizados em rotina para aprimorar as informações da avaliação e subsidiar o controle direcionado de criadouros.
2006
Marylene de Brito Arduino
Adesão ao tratamento anti-retroviral entre idosos vivendo com aids na grande São Paulo
Algumas tendências têm caracterizado a epidemia de aids no Brasil, especialmente nos últimos anos. Observa-se um aumento na proporção de mulheres e de idosos entre os casos notificados. A porcentagem dos pacientes com 50 anos ou mais no diagnóstico aumentou progressivamente de 7% em 1996 para 13% em 2004. Entretanto, há uma carência de estudos enfocando idosos que vivem com aids, especialmente no que se refere à adesão dos. mesmos à HAART (da sigla inglesa: Highly Active Antiretroviral Therapy). O objetivo deste estudo foi avaliar a adesão dos idosos que vivem com aids aos antiretrovirais e as associações entre esta adesão e características do tratamento e dos pacientes, incluindo a qualidade de vida dos mesmos, mensurada por meio do WHOQOL-abreviado. Foram entrevistados 118 pacientes com sessenta anos ou mais, tendo sido considerado aderido todo aquele que informou ter tomado ao menos 95% dos comprimidos prescritos para os três últimos dias. Realizaram-se análises bivariada e multivariada por meio de regressão logística para investigar associações entre a adesão e as variáveis independentes. A taxa de adesão verificada foi 80,5% (IC95%: 72,2 - 87 ,2). Os pacientes mais aderidos foram aqueles com 60 a 69 anos, comparado aos com 70 anos ou mais; mais escolarizados; aposentados e usando no máximo de 5 comprimidos ARV /dia. A adesão mostrou associação limítrofe com sexo e nenhuma associação com os escores de qualidade de vida. Estes dados podem contribuir para um melhor cuidado dos idosos vivendo com aids em tempos de HAART. Com a proporção crescente de pessoais já com 50 anos ou mais ao diagnóstico, e com o aumento da sobrevida dos pacientes, o número de idosos nos serviços especializados em aids crescerá continuamente. Estudos qualitativos poderão ajudar na melhor compreensão das tendências observadas na adesão deste grupo etário.
2006
Antonio Sérgio Melo Barbosa
Atividade física, tabagismo e consumo de álcool em adolescentes da Grande São Paulo
Introdução - No Brasil, são raros os estudos de base populacional sobre atividade física, tabagismo e consumo de álcool. O conhecimento de suas prevalências e fatores associados é de grande importância na prevenção das doenças da vida adulta e na construção de condições adequadas de saúde e de vida para os adolescentes. Objetivo - Analisar aspectos de estilo de vida (atividade física, tabagismo e consumo de álcool) em população adolescente de 12 a 19 anos segundo características demográficas e sócio-econômicas em áreas da Região Metropolitana de São Paulo. Métodos - Estudo de base populacional, transversal, com informações do Inquérito domiciliar de saúde no Estado de São Paulo - ISA-SP, realizado em duas áreas: parte da Região Sudoeste da Grande São Paulo e Sub-Prefeitura do Butantã no município de São Paulo. Foi utilizada amostragem probabilística, estratificada, por conglomerados e ponderada. As análises estatísticas foram realizadas a partir dos Modelos de Regressão de Poisson, com o programa STATA, versões 8 e 9, módulo survey. Resultados - Foram avaliados 823 adolescentes. A prevalência de prática de esporte foi de 73,07%, diminuindo com a idade; maiores valores entre os adolescentes do sexo masculino, os de nível de escolaridade adequado, os exclusivamente estudantes e os pertencentes a famílias com chefe de maior escolaridade. Futebol foi o esporte mais praticado. Foi encontrada elevada prevalência de adolescentes de 15 a 19 anos ativos fisicamente (74,44%), sem diferenças significativas em relação a variáveis sócio-econômicas. A proporção de adolescentes que assistiam TV por 4 horas ou mais ao dia foi de 29,35% com diferença significativa somente quanto à atividade, sendo menor entre os que trabalhavam. A prevalência do tabagismo foi de 8,22%, sendo maior entre 15 a 19 anos, entre os não-solteiros, os com defasagem escolar, os pertencentes a famílias com renda per capita menor do que 2,5 salários-mínimos e os que consumiam álcool. O consumo de álcool foi referido por 37,58% dos adolescentes, sendo significativamente maior entre o sexo masculino e os que fumavam. Conclusão - A prática de esportes apresentou associação positiva com melhores condições de vida. Análises de associação entre nível de atividade física e sedentarismo são bastante complexas. Tabagismo e consumo de álcool apresentaram associação positiva entre si e inversa com condições de vida.
2007
Grécia Conceição Soares da Motta Galvanese
Qualidade de vida em crianças e adolescentes com HIV/AIDS: validação e reprodutibilidade de instrumentos
Introdução - Qualidade de vida relacionada à saúde e adesão ao uso de medicamentos em crianças/adolescentes são questões importantes que têm sido estudadas em países desenvolvidos, utilizando, fundamentalmente, questionários que ainda não foram traduzidos e/ou validados no Brasil. Objetivos - 1) Traduzir e validar o questionário Quality of Life Assessment (QLA), específico para crianças e adolescentes com HIV/Aids, e avaliar a sua reprodutibilidade. 2) Validar um questionário sobre expectativa de auto-eficácia para seguir prescrição anti-retroviral em crianças e adolescentes com HIV/Aids e avaliar a sua reprodutibilidade. Métodos - O estudo foi realizado no Centro de Referência e Treinamento em DST/AIDS de São Paulo (CRT/SP). Participaram do estudo 90 crianças e adolescentes de 6 meses a 20 anos que passaram em consulta de rotina pelo serviço. Os dados de qualidade de vida foram coletados por meio dos questionários de A vali ação da Qualidade de Vida (AQV) com 3 versões para 3 faixas etárias específicas (6 meses a 4 anos, 5 a 11 e 12 a 20 anos) e, os de auto-eficácia, pela Escala de Auto-Eficácia para seguir Prescrição Anti-Retroviral (AE). Foi realizada a avaliação de equivalência transcultural do QLA. A consistência interna dos questionários foi verificada pelo cálculo do coeficiente α de Cronbach. Foi realizada análise fatorial confirmatória para o questionário AQV e exploratória para o de AE. A validade de constructo foi avaliada pela comparação das médias dos escores entre grupos do Center for Disease Control (teste de Mann-Whitney) para o AQV, e entre grupos aderentes e não aderentes ao tratamento anti-retroviral para a escala AE e, também, pela análise da correlação entre os escores de AQV e de AE e marcadores clínicos e de utilização dos serviços de saúde. A reprodutibilidade foi verificada por meio do teste de comparação de médias entre escores em dois momentos (pareado), pelo coeficiente de correlação intra-classe (ricc) e pelo método de Bland-Altman. Resultados - Como primeiro produto do trabalho tem-se a versão em português do QLA. O AQV apresentou melhores consistências internas nas faixas etárias de 5 a 11 anos e 12 a 20 anos. A consistência interna da escala de AE foi boa em todas as faixas etárias e na amostra total. A análise fatorial confirmatória mostrou que é possível uma redução no número de questões do questionário AQV. Na faixa etária de 6 meses a 4 anos, o AQV discriminou grupos somente no domínio de Estado Físico e houve correlações significativas com marcadores clínicos e de utilização dos serviços de saúde nos domínios de Resistência Física, Atividades Pessoais e sociais, Utilização dos Serviços de Saúde e Sintomas ou Sinais. Na faixa etária de 5 a 11 anos, o AQV apresentou capacidade discriminante nos domínios de Avaliação Geral da Saúde, Estado Físico, Saúde Psicológica e Sintomas ou Sinais. Foram obtidas correlações estatisticamente significativas entre o número de visitas ao médico e o domínio de Utilização dos Serviços de Saúde. Na faixa etária de 12 a 20 anos do AQV houve capacidade discriminante no domínio de Sintomas ou Sinais e apresentou correlações significativas com marcadores clínicos e de utilização dos serviços de saúde nos domínios de Avaliação Geral da Saúde, Atividades Pessoais e Sociais, Utilização dos Serviços de Saúde e Sintomas ou Sinais. A escala de AE conseguiu discriminar grupos clinicamente diferentes. Foi obtida boa reprodutibilidade tanto para o questionário QLA quanto para a escala de AE. Conclusão - O questionário de AQV e a escala de AE podem ser utilizados para avaliar a qualidade de vida e a auto-eficácia em crianças e adolescentes com HIV/Aids, mas sugere-se que novos estudos devam ser feitos para aprimorar o QLA.
2007
Luciana Scarlazzari Costa
Programa de educação de pacientes com acidente vascular cerebral baseado na classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é considerado uma das principais causas de morbidade e mortalidade no mundo. Avanços tecnológicos tem contribuído para a reabilitação de pacientes que convivem com incapacidades secundárias a esta doença, entretanto outros recursos para melhorar a qualidade de vida destas pessoas estão em desenvolvimento. Programas de educação em saúde são ferramentas valiosas para o autocuidado ajudando no processo de reabilitação e de independência. Este estudo teve como objetivo adaptar e testar o Programa de Educação para pacientes com base na Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Munique. A primeira fase do estudo consistiu na tradução ao português e a adaptação do material utilizado para o serviço onde o programa seria testado. A segunda fase consistiu na realização de teste na prática clínica. Foi conduzido um estudo de intervenção, randomizado, com 30 pacientes com diagnóstico de AVC, em que foi avaliado o efeito do programa sobre a sensação de bem-estar subjetiva, qualidade de vida e impacto sobre o AVC. As informações foram obtidas por meio das ferramentas: Escala de Bem-Estar Subjetivo, Escala de Impacto de AVC e Escala de Qualidade de Vida, e seus resultados comparados entre os dois grupos. Não houve diferença nos aspectos avaliados antes e depois do programa, quando comparados os dois grupos. Ainda assim podemos afirmar que processos educativos constituem ferramentas úteis para pacientes que necessitem conhecer suas potencialidades e desenvolver habilidades para gerenciar a sua saúde de forma mais independente
2017
Luana Talita Diniz Ferreira
Mortalidade por causas violentas no município de São Paulo
Foram estudados casos de mortes violentas ocorridos no Município de São Paulo nos anos de 1960, 1965, 1970 e 1975, destacando-se os de pessoas nele residentes, por meio das informações que acompanham os laudos de necrópsias do Instituto Médico Legal. O objetivo foi caracterizar essa mortalidade segundo as reais causas básicas da morte, relacionando-as com variáveis consideradas importantes do ponto de vista epidemiológico, bem como o momento e o local de ocorrência dos acidentes e violências que levaram à morte. Os resultados encontrados mostraram uma elevação do risco de morrer por causas violentas entre nós, distinguindo-se os coefictentes de mortalidade por homicídios e por acidentes de trânsito de veículos a motor, dentre os quais assumem papel primordial os atropelamentos. As conclusões permitem colocar a mortalidade por acidentes e violências como importante problema de saúde pública.
1979
Maria Helena Prado de Mello Jorge
Aspectos epidemiológicos da mortalidade entre doentes de hanseníase no Estado de São Paulo (1931 - 1980)
A partir dos dados do universo de pacientes de hanseníase (n=27260) falecidos no Estado de São Paulo no período entre 1931 e 1980, estuda-se a tendência temporal de alguns caracteres epidemiológicos ligados a atributos pessoais desses pacientes, como: idade, sexo, forma clínica final da doença, local de ocorrência do óbito, tempo de doença até a matrícula e tempo de doença até o óbito. A tendência temporal dos coeficientes de letalidade e de mortalidade específica por hanseníase é analisada em confronto com os dados de mortalidade proporcional por hanseníase e de mortalidade geral no Estado de São Paulo, no período. É estudada ainda a tendência temporal do perfil de causas básicas de óbito neste universo, segundo todas as Seções da Classificação Internacional de Doenças, Lesões e Causas de Óbito, (Nona revisão - 1975) e, também, segundo algumas de suas Categorias e Subcategorias classicamente conhecidas como relevantes na patologia da hanseníase. No subgrupo de pacientes cuja causa básica de óbito foi a hanseníase (n=9097) discute-se a distribuição temporal de alguns atributos, pessoais considerados importantes, como: idade, forma clínica final da doença, tempo de doença até a matrícula e tempo de doença até o óbito, cotejando-se os valores observados neste subgrupo com aqueles encontrados para o universo pesquisado. Os resultados obtidos revelam, basicamente: a) uma tendência à melhora do padrão de saúde no universo pesquisado, paralela à observada para o Estado de São Paulo como um todo, porém influenciada por fatores específicos, como a terapêutica sulfônica; b) a existência de duas fases nitidamente distintas nas curvas específicas de mortalidade, antes e depois de 1950; c) o baixo padrão sócio-econômico e a existência de fenômenos de estigmatização social no grupo estudado.
Condicionantes sociais e medidas antropométricas: estudo de uma amostra de população infantil do município de Santo André
Com base em algumas variáveis sócio-antropológicas e três medidas antropométricas - altura, peso e índice de Kaup - de um Estudo realizado no Município de Santo André, elaboramos o presente trabalho. Para este trabalho excluímos crianças púberes, incluindo treze idades: O, 3, 6 e 9 meses, 1 ano, 1a e meio, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 anos, de ambos os sexos. As variáveis independentes utilizadas foram: ISSE - índice de situação sócio-econômica, construído com base na média de gasto mensal familiar per capita e segundo as 14 categorias de ocupação do pai e as de instrução. Considerou-se para tal, as interrelações das variáveis com o gasto, que foram tomadas como desvios em relação à média de gasto familiar per capita mensal da amostra e a média para cada casela, medidas como múl tiplos de T. CATANCES - construída a partir da informação sobre a nacionalidade dos ascendentes das crianças até a 3ª geração. Constitui-se de 2 categorias: \"todos ascendentes brasileiros\" e \"pelo menos um estrangeiro\". Grupo Residencial - dividido em três categorias: \"poucos\", \"médio\" e \"grande\", dependendo de quantas pessoas residissem na casa. Dado que já se conhecia a existência de uma relação positiva entre melhores condições de vida e desenvolvimento físico queríamos observar se isso se dava igualmente nos dois sexos e nas várias idades, e assim poder apreender diferenças entre esses grupos uma vez que só havia sido possível estratificar a amostra por idade e sexo. Essas interrelações ajudariam a melhor caracterizar a população estudada. Como esperado, encontramos uma associação positiva entre melhores condições sócio-econômicas, menor tamanho do grupo residencial e as médias das medidas. Porém, também verificamos a existência de relações entre as variáveis independentes: a) que a categoria de ISSE \"alto\" associava-se com a categoria \"pelo menos um estrangeiro\" da variável Catances, o inverso sendo verdadeiro quando a categoria era \"todos brasileiros\"; b) que, medido pelo tamanho médio do grupo residencial, há indicações de uma fecundidade diferencial, sendo esta maior para o grupo \"todos nacionais\" da variável Catances. Nesse sentido chamamos a atenção à grande concentração de migrantes de Minas e Nordeste nessa categoria. As médias das medidas foram testadas pelo método de ordenação de médias de DUNCAN, e também pela técnica de ajuste por mínimos quadrados para análises de variâncias. Verificamos ao analisar as tabelas das medidas, segundo os vários controles, que o índice de Kaup não se apresentava diferente de uma idade para outra, enquanto tal acontecia com altura e peso. Uma série de outros resultados somados a esse, evidenciou que o índice não media, ao menos para crianças em crescimento, aquilo que se propunha medir, ou seja, diferenças de estados nutricionais. Sugere-se então um ajuste de curva a fim de que, baseados nos dados empíricos, se encontre uma dada função para cada idade. Também constatou-se que embora as médias das medidas diferissem segundo as variáveis independentes, isso não acontecia igualmente nas mesmas idades e nos 2 sexos. Ainda, através dos resultados das análises de variância, observou-se que apesar das diferenças estatísticas significantes, as variáveis selecionadas explicavam muito pouco da variação das medidas nas várias idades e sexos. Esses resultados nos levaram a concluir que a amostra estudada, segundo as variáveis independentes deste estudo, difere entre idades em ambos os sexos. Isso levanta uma série de questões sobre quais as variáveis mais adequadas a um estudo desse gênero e sobre a utilização desses dados para construção de curvas de velocidade. Permitimo-nos sugerir que as tabelas por nós apresentadas no anexo 1, se consideradas as duas categorias de Catances, fossem consideradas como dois padrões: Leste-Nordeste e Sul, utilizando a idéia das tábuas de vida padrão.
1975
Maria Stella Ferreira Levy
Vigilância das hepatites virais: a experiência de Vargem Grande Paulista, 1997 - 1999
Não se tem conhecimento preciso da relevância e magnitude das hepatites em nosso país. Os poucos estudos epidemiológicos estão restritos à populações atendidas em serviços de saúde ou a grupos de risco para as hepatites. A vigilância é um instrumento de saúde pública que tem a capacidade de descrever o comportamento das hepatites virais, bem como identificar seus fatores de risco. Um sistema de vigilância das hepatites A, B, C e E foi implantado em Vargem Grande Paulista em abril de 1997 e mantido até setembro de 1999. O objetivo foi analisar aspectos da operacionalização de um sistema de vigilância nas atuais condições de trabalho da Rede Pública de Saúde e sua potencialidade em descrever o comportamento das hepatites nessa comunidade para oferecer subsídios para elaboração e aprimoramento de estratégias de controle. O sistema incluiu a análise de dados obtidos a partir de notificação de casos suspeitos hepatite A, B, C e E entre residentes no município, assim como dados de soroprevalência de marcadores de infecção para esses mesmos vírus numa população formada pelas gestantes inscritas no Serviço Pré-natal do Município. Considerou-se caso suspeito o indivíduo residente no município de Vargem Grande Paulista e para quem, por critérios clínicos, laboratoriais ou epidemiológicos, foi solicitada a determinação dos níveis de bilirrubinas e transaminases. A confirmação dos casos foi realizada pela identificação dos marcadores sorológicos das hepatites A, B, C e E. Foram identificados 125 casos suspeitos, dos quais 41 (32,8 por cento ) foram confirmados como hepatite A, B, C ou E. A incidência de hepatite A foi 21,1/100.000 hab., 69,3/100.000 hab. e 9,3/100.000 hab. para os anos de 1997, 1998 e 1999, respectivamente. Foi detectado um surto de hepatite A em um dos bairros do município envolvendo 18 casos, no primeiro semestre de 1998. A forma predominante de transmissão do vírus durante o surto foi pessoa a pessoa e a faixa etária mais atingida foi de 5 a 9 anos. A incidência de hepatite B foi de 3,5/100.000 hab. e 9,9/100.000 hab. para os anos de 1997 e 1998 respectivamente. Não foi identificado nenhum caso em 1999. A prevalência de hepatite C foi 3,5/100.000 hab. em 1997 e 9,9/100.000 hab. em 1998. Não foi calculada a incidência de hepatite C, porque não foi possível determinar se a infecção pelo VHC era recente ou não com os testes utilizados. A incidência de hepatite E foi 3,5/100.000 hab., 3,3/100.000 hab. e 3,1/100.000 hab. para 1997, 1998 e 1999. Entre as 793 gestantes que participaram do estudo, a prevalência de anti-VHA foi de 94,7 por cento , de anti-HBc 4,9 por cento , de HBsAg 0,1 por cento , de anti-VHC 0,6 por cento , e anti-VHE 0,8 por cento . Os resultados indicaram que Vargem Grande Paulista apresentou alta endemicidade para hepatite A e baixa endemicidade para hepatite B. A prevalência de hepatite C foi semelhante à encontrada em outros estudos. A prevalência e incidência da hepatite E mostrou que o vírus circulou na região. Os dados demonstraram que o sistema de vigilância pode contribuir com informações importantes no comportamento das hepatites virais no município, oferecendo subsídios para a elaboração de estratégia de prevenção e controle dessas infecções.
2001
Claudia Patara Saraceni
Análise da atividade locomotora de Aedes aegypti e Aedes albopictus (Diptera: Culicidae) do Parque Municipal do Piqueri São Paulo, SP
O estudo de mosquitos é extremamente importante, pois muitos são considerados vetores de diversos patógenos transmissíveis ao homem. Aedes aegypti e Aedes albopictus são responsáveis por transmitir arbovírus, como os da dengue, chikungunya, zika e febre amarela urbana, no mundo. Neste trabalho foram empregados Ae. aegypti e Ae. albopictus para: analisar a atividade locomotora de machos, fêmeas virgens e fêmeas inseminadas naturalmente; comparar a atividade locomotora de fêmeas injetadas intratoracicamente com extrato de glândulas acessórias (AG) de machos co e heteroespecíficos; e verificar a taxa de inseminação de fêmeas injetadas com glândulas acessórias de machos co e heteroespecíficos, quando são posteriormente expostas a seus machos coespecíficos. Os mosquitos foram coletados em ovitrampas instaladas no Parque Municipal do Piqueri, Zona Leste da cidade de São Paulo, durante o outono e a primavera de 2015 e outono de 2016. Após a emergência dos adultos, estes foram transferidos para quatro gaiolas matrizes separadas por espécie e sexo, dos quais obtivemos machos e fêmeas virgens de cada espécie. Em outras duas gaiolas foram agrupadas por espécie, 40 fêmeas e 40 machos para cópula por 24 horas para obtermos fêmeas inseminadas naturalmente. Posteriormente, todos os mosquitos foram transferidos para uma incubadora por quatro dias para análise da atividade locomotora. Na comparação de fêmeas injetadas com glândulas acessórias, foram extraídas as glândulas de machos de Ae. aegypti e Ae. albopictus e estas injetadas intratoracicamente em fêmeas co e heteroespecíficas. Todas as fêmeas injetadas foram transferidas para uma incubadora por três dias. Para a análise dos dados foram utilizados os testes estatísticos F e T e ANOVA. Após a atividade locomotora, as fêmeas injetadas foram expostas a seus machos coespecíficos e posteriormente tiveram suas espermatecas dissecadas para verificar a presença de espermatozoides a fim de analisar a taxa de inseminação. Nos machos, fêmeas virgens e fêmeas inseminadas naturalmente de Ae. aegypti e Ae. albopictus, o padrão da atividade locomotora foi diurno e bimodal no outono e na primavera. Em Ae. aegypti machos a atividade foi mais evidente no outono e em Ae. albopictus na primavera. Nas fêmeas de Ae. aegypti virgens a atividade foi mais evidente que nas inseminadas naturalmente em ambas as estações. Nas fêmeas de Ae. albopictus não houve diferença na atividade das virgens e inseminadas. Nas fêmeas de Ae. aegypti injetadas com AG a atividade locomotora foi diurna, com padrão unimodal e menos marcada. Nas fêmeas de Ae. albopictus injetadas com AG não houve diferença. Na taxa de inseminação, somente Ae. albopictus fêmeas injetadas com AG heteroespecíficas apresentaram espermatozoides após cópula coespecífica. Este estudo contribui para compreensão do comportamento de mosquitos vetores como Ae. aegypti e Ae. albopictus
2017
Filipe Gabriel Menezes Pancetti
Diferenças na adesão ao tratamento da tuberculose em relação ao sexo
Introdução Aproximadamente 1/3 da população mundial está infectada pelo bacilo M. tuberculosis e a prevalência da infecção é maior entre os homens. As razões para as diferenças na epidemiologia da tuberculose e adesão ao tratamento em relação ao sexo são desconhecidas. Objetivos Verificar diferenças na adesão ao tratamento da tuberculose em relação ao sexo. Identificar aspectos facilitadores e dificultadores para a adesão ao tratamento da tuberculose em relação ao sexo. Analisar as crenças consideradas importantes para adesão ao tratamento da tuberculose. Metodologia Pesquisa quali-quantitativa, baseada na análise de conteúdo e com fundamentação teórica no Modelo de Crenças em Saúde. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas em 6 serviços de saúde do Distrito de Saúde da Freguesia do Ó/Brasilândia, com 28 pacientes em tratamento supervisionado de tuberculose, sendo 11 homens e 17 mulheres. Os dados quantitativos foram obtidos por meio do livro de Registro e Controle de Tratamento dos Casos de Tuberculose de cada serviço de saúde. Resultados Aqueles que falharam na adesão apresentaram o seguinte perfil: mulher, solteira e separada, com atividade remunerada não comprovada, com nível de escolaridade entre fundamental I completo e ensino médio completo; homem: casado, com atividade remunerada comprovada, nível de escolaridade entre ensino fundamental II completo e ensino médio completo. Os aspectos facilitadores encontrados para a boa adesão residem no bom atendimento dos profissionais de saúde e a percepção por parte do paciente na sua melhora de saúde. As crenças para a boa adesão ao tratamento no sexo masculino e feminino foram: bom atendimento do serviço de saúde e bom tratamento (em relação aos medicamentos). Conclusão Homens e mulheres não apresentam diferenças nas crenças de suscetibilidade. Nas crenças ligadas à seriedade percebida houve diferenças. As mulheres apresentaram medo de transmitir a doença aos filhos e associam a tuberculose ao HIV. Os homens possuem medo voltado às questões sexuais. Os benefícios mencionados foram o bom atendimento e bom tratamento. As barreiras para a adesão foram o diagnóstico errado, os efeitos colaterais e questões assistencialistas independente do sexo. As medidas sugeridas relacionam-se a necessidade de trabalhos voltados ao público masculino para que estes utilizem os serviços de saúde, principalmente o PSF, e assim, o diagnóstico precoce da tuberculose ocorra. Sugere-se treinamentos para todo os sistema de saúde para o diagnóstico da tuberculose. A realização de trabalho conjunto do sistema de saúde e educação é necessário para desfazer estigma da doença.
Fatores de risco para nascimento pré-termo - uma análise com modelagem de equações estruturais
Introdução: Um dos principais fatores associados à mortalidade e morbidade no período perinatal é o nascimento pré-termo. Sua prevalência está aumentando em diversas localidades e os motivos para tal envolve complexa inter-relação de fatores que incluem aspectos biológicos, de assistência, psicológicos, sociais e econômicos, entre diversos outros associados ao nascimento pré-termo. Objetivo: O presente estudo objetiva analisar os efeitos de variáveis associadas ao nascimento pré-termo, via modelagem de equações estruturais (MEE), com a construção de variáveis latentes de vulnerabilidade socioeconômica, familiar, psicossocial, condições maternas e intercorrências. Outros objetivos são analisar as diversas fontes de obtenção da idade gestacional (IG) visando gerar uma variável latente para a idade gestacional e comparar modelos com diferentes tipos de variável de desfecho (contínuo, ordinal, binário e latente). Métodos: Esse estudo foi baseado na pesquisa do tipo caso-controle populacional sobre nascidos vivos hospitalares de mães residentes na cidade de Londrina, estado do Paraná, realizado entre junho de 2006 e março de 2007. A partir de um modelo conceitual, foi empregada a MEE para construir modelos com variáveis latentes e compostas com utilização de medidas de ajustes. Resultados: O Modelo final apontou os seguintes efeitos diretos sobre IG: intercorrências, atenção de pré-natal inadequada, gestação múltipla, condição reprodutiva, IMC, consumo de bebida alcoólica, prática de caminhadas e esforço físico. Além do efeito direto da atenção pré-natal, foi encontrado seu papel de variável de mediação entre as variáveis latentes: Vulnerabilidade Socioeconômica, Não Aceitação da Gravidez e Vulnerabilidade Familiar e o desfecho IG. Conclusões: Para a utilização de MEE, foi necessário rediscutir o papel das variáveis propostas no estudo original, o que sugere que, para a aplicação da metodologia, já seja considerada a formulação de variáveis latentes à priori na fase de planejamento de uma pesquisa. A aplicação do MEE permitiu construir variáveis latentes e variáveis compostas a partir do estudo original e identificar efeitos diretos, indiretos e de mediação sobre IG. Ademais, foi possível construir e utilizar a variável latente IG a partir das fontes de registro.
2014
Adelaide Alves de Oliveira
Vigilância de síndrome febril exantemática: estudo descritivo de casos com anticorpos da classe IgM contra o sarampo, Estado de São Paulo, 2000 a 2004
Objetivo: Descrever os casos de síndrome febril exantemática, identificados no estado de São Paulo entre 2000 e 2004, visando identificar possíveis resíduos de fonte de infecção do sarampo. Métodos: Estudo descritivo. As definições são as utilizadas pelo Plano de Eliminação do Sarampo. O estudo incluiu casos notificados à vigilância da síndrome febril exantemática apresentando anticorpos IgM para sarampo pelas técnicas de ELISA e/ou ELISA de captura. Descreveram-se os aspectos clínicos e epidemiológicos segundo características de tempo, espaço e pessoa. Resultados: Estudaram-se 463 casos possíveis de sarampo; 64,1% e 29,8% foram classificados, respectivamente, como casos expostos e não expostos à vacina; 15,3% apresentaram clínica específica para sarampo e 12,1% apresentaram complicações. Os grupos etários mais representados foram: 9 a 11 meses (36,5%), um ano (32,8%) e cinco anos ou mais (15,2%). A distribuição no espaço e no tempo não sugere a ocorrência de casos relacionados entre si. Entre o final de 2000 e o início de 2002, os casos não expostos à vacina mantiveram-se em patamares elevados, coincidindo com a identificação de dois casos importados de sarampo. Conclusão: as limitações do estudo não permitem análises conclusivas a respeito da circulação do vírus do sarampo no estado de São Paulo, mas o estudo aponta para a necessidade da investigação exaustiva de possíveis resíduos de fontes de infecção entre: menores de nove meses, primo vacinados contra o sarampo abaixo de 10 meses, mulheres em idade fértil e casos não expostos à vacina contra o sarampo.